A Participação nos Lucros e Resultados (PLR) dos bancários, como todas as demais conquistas da categoria, foi fruto de muita luta e mobilização dos trabalhadores. Hoje uma realidade para bancários de todo país, tanto de instituições públicas quanto privadas, a PLR é consequência de um processo de 16 anos de negociação entre sindicatos e banqueiros. As etapas desse processo, sua evolução e as perspectivas de aprimoramento da PLR estão no conteúdo do caderno de estudos que o Sindicato dos Bancários de São Paulo lança na próxima segunda-feira, dia 6 de fevereiro.

A participação dos trabalhadores no lucro das instituições financeiras foi estabelecida em 1995, mas as discussões sobre remuneração variável haviam começado já no início daquela década.

"A participação nos lucros começou a ser pautada como uma tentativa do empresariado de diminuir o peso da remuneração fixa e aumentar o da variável. Mas os trabalhadores conseguiram redirecionar o debate, intervindo e negociando regras que hoje estão na Convenção Coletiva da categoria, sem negligenciar a valorização dos salários dos bancários", diz a diretora executiva do Sindicato e coordenadora do estudo, Ana Tércia Sanches.

Dessa forma, acrescenta a dirigente, os bancários garantiram que parte dos altos lucros dos bancos migrasse para seus bolsos, sem que a reposição da inflação e os aumentos reais deixassem de fazer parte das negociações das campanhas salariais.

"Nunca substituímos uma pauta pela outra. Apenas entendemos que não poderíamos deixar nas mãos do empresariado o controle total desta parte da remuneração. E assim negociamos valores e regras de PLR que hoje valem para toda a categoria em todo o território nacional", destaca.

Aprimoramentos

A publicação, intitulada Participação dos trabalhadores bancários nos lucros e resultados – Balanço e perspectivas de 1995 a 2011, avalia os pagamentos de PLR ano a ano, explica a PLR de bancos privados e a de bancos públicos, apresenta os programas próprios de participação no lucro de alguns bancos que são definidos com a intervenção do Sindicato, e faz uma avaliação de todo esse processo e de como ele pode ser melhorado.

"Ao longo desse período, os trabalhadores conseguiram tornar a PLR mais justa e fazer com que, proporcionalmente, os trabalhadores da base da pirâmide de cargos do setor, como caixas e pessoal do teleatendimento, fossem mais valorizados", ressalta Ana Tércia.

A dirigente destaca que apesar dos avanços, as regras de PLR podem e devem melhorar. "Os bancos ainda pagam quantias milionárias a seus executivos, ao invés de distribuírem uma fatia maior de seu lucro aos trabalhadores da base".

E essa discrepância, que precisa ser corrigida, é desvantajosa para a economia do país. "É preciso levar em conta que o valor recebido por esses trabalhadores como PLR será investido na subsistência de suas famílias e na aquisição de bens fundamentais para eles, ou seja, um dinheiro que impulsiona o mercado. Enquanto que as fortunas pagas aos já bem remunerados executivos são usadas como capital especulativo", acrescenta Ana Tércia.

Feito em parceria com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócioeconômicos (Dieese), o estudo será lançado às 15h da próxima segunda-feira, no Auditório Azul do Sindicato (Rua São Bento, 413, Ed. Martinelli), e contará com a presença do professor doutor do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho (Cesit) da Unicamp José Darikrein, que comentará a publicação.

O caderno será distribuído gratuitamente entre os presentes e também será enviado a dirigentes sindicais do setor financeiro.

Fonte: Contraf-CUT

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