Sindicato denuncia precarização estrutural no Santander: terceirização, arrocho e desrespeito à categoria bancária

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Banco aumenta lucros às custas do adoecimento dos trabalhadores e da retirada de direitos. Sindicato exige respeito à categoria e combate fraudes nas relações de trabalho.

O Santander, uma das instituições financeiras mais lucrativas do país, vem adotando um modelo agressivo de reestruturação que tem precarizado o trabalho bancário no Brasil. O banco fecha agências, amplia a terceirização de forma irregular e impõe arrocho salarial aos seus trabalhadores. Tudo isso enquanto lucra bilhões, grande parte remetidos ao exterior. “É lamentável a forma com que o Santander tem tratado seus trabalhadores, clientes e a população brasileira”, afirma Luiz Cassemiro, diretor do SindBancários Porto Alegre e Região.

Mesmo com aumento no número de empregados, o Santander tem reduzido o custo médio por trabalhador, ao desviar funções típicas da categoria bancária para empresas coligadas, com menor remuneração e menos direitos. O resultado é sobrecarga de trabalho, metas abusivas e um ambiente que favorece o adoecimento físico e mental dos empregados.

Terceirização irregular e esvaziamento da função bancária.

A principal estratégia do banco tem sido a transferência de empregados para empresas do próprio grupo econômico, como a F1RST e a Getnet, mantendo as mesmas funções, metas e subordinação hierárquica. Isso configura terceirização irregular e burla a legislação trabalhista.

Dados obtidos pelo sindicato através do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), apontam que, somente nos últimos cinco anos, o Santander criou mais de 30 coligadas e controladas para esse fim. A manobra permite ao banco aplicar convenções coletivas inferiores, com salários mais baixos e menos benefícios, mesmo que os trabalhadores exerçam as mesmas atividades bancárias de sempre.

A mudança de CNPJ visa claramente à redução de custos com pessoal, ao enfraquecimento dos vínculos empregatícios e à diminuição das contribuições ao FGTS, à Previdência e à arrecadação de impostos como o Imposto de Renda. Apenas com a F1RST, estima-se que mais de R$ 66 milhões deixaram de ser recolhidos para a Previdência em menos de um ano.

Fechamento de agências e exclusão bancária

Outro impacto severo da reestruturação é o fechamento sistemático de agências físicas, inclusive em regiões onde o acesso aos serviços bancários é essencial. A presença territorial do banco está sendo reduzida, afetando principalmente comunidades no interior, que ficam desassistidas e obrigadas a viajar longas distâncias para atendimento básico. “O Santander tem fechado agências e dado as costas para os clientes nas regiões. Os clientes aguardam mais de uma hora por atendimento por falta de funcionários nas unidades. Isso é reflexo direto da política de cortes e exploração”, denuncia Cassemiro.

Relatórios de base e registros de clientes apontam esperas prolongadas e sobrecarga das equipes, enquanto o banco expande seus canais digitais sem infraestrutura adequada.

Adoecimento, assédio e metas abusivas

A combinação de terceirização, cortes, metas inatingíveis e pressão constante tem provocado o adoecimento em massa dos trabalhadores do Santander. Casos de estresse, depressão, ansiedade, burnout e afastamentos pelo INSS tornaram-se frequentes. O banco trata profissionais como peças descartáveis, ignorando seu papel central nos resultados da empresa.“O que o Santander chama de ‘alta performance’ é, na verdade, um modelo cruel de gestão que adoece, destrói e exclui”, alerta Mauro Salles, Secretário de Saúde da Contraf-CUT. “A cobrança por metas, muitas vezes inatingíveis, se transforma em instrumento de tortura psicológica. Nenhuma meta vale uma vida. Nenhum lucro justifica o sofrimento de uma categoria inteira,” completa Salles.

Além da pressão por metas abusivas, há controle excessivo e vigilância por meio de grupos de WhatsApp fora do expediente, o que viola a Convenção Coletiva de Trabalho. Também são recorrentes ameaças veladas, cobranças públicas e humilhações, criando um ambiente de assédio moral institucionalizado.

O Judiciário tem confirmado essas denúncias. Em ações movidas pelo Ministério Público do Trabalho, o Santander já foi condenado em segunda instância no TRT da 10ª Região por práticas abusivas e gestão lesiva à saúde dos empregados. As decisões reconhecem condutas reiteradas e antijurídicas como política oficial do banco.

Sindicato denuncia fraudes e cobra providências

O Sindicato dos Bancários denuncia o Santander por fraudes estruturais nas relações de trabalho, terceirização irregular e desrespeito à representação sindical. Entre os principais pontos levantados nas denúncias estão:

• Transferência de trabalhadores para coligadas com manutenção das funções e metas bancárias;

• Alteração de CNPJ para mudar o enquadramento sindical e aplicar acordos inferiores;

• Redução de direitos, arrocho salarial e corte de benefícios;

• Acesso indevido a dados de clientes, violando a LGPD;

• Implantação de metas abusivas e assédio moral institucionalizado.

Demissões em massa sem diálogo
O processo de reestruturação também tem resultado em demissões em massa, realizadas sem qualquer diálogo com as entidades sindicais, o que contraria o princípio da negociação coletiva. As dispensas ocorrem de forma silenciosa, enfraquecendo ainda mais a organização dos trabalhadores.

Apesar disso, o sindicato tem acumulado vitórias na Justiça do Trabalho, com decisões que reconhecem o vínculo bancário de empregados transferidos para coligadas do grupo Santander.

Campanha Nacional 2025: contra o retrocesso e por direitos
A luta contra a precarização no Santander é eixo central da Campanha Nacional dos Bancários 2025. O movimento sindical exige o reconhecimento do vínculo com a categoria bancária, a reversão das práticas fraudulentas de terceirização e o respeito às leis trabalhistas e convenções coletivas.

O SindBancários reforça que bancário é bancário e que a terceirização fraudulenta é crime, e que, assédio e metas abusivas não serão tolerados.

O Sindicato continuará mobilizado em todas as frentes, negociações, ações judiciais, denúncias públicas e atos, para garantir saúde, dignidade, valorização profissional e trabalho decente a todos os trabalhadores do Santander.

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