O Comando Nacional dos Empregados da Nossa Caixa reúne-se nesta terça-feira, dia 21, para avaliar a decisão do Banco do Brasil de cancelar a negociação que estava marcada para o dia 15. Durante o encontro, os sindicatos filiados à Fetec/CUT-SP vão propor um Dia Nacional de Luta contra o BB.
Para a diretora do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Raquel Kacelnikas, o cancelamento da negociação foi muito ruim, pois deve atrasar os debates. "Não concordamos com a decisão e todos os sindicatos filiados à CUT que compõe o Comando Nacional vão propor este Dia Nacional de Luta. Aliás, luta é sinônimo de bancários da Nossa Caixa. Nos últimos quinze anos, os empregados estiveram ao lado dos sindicatos cutistas lutando contra todos os ataques que o PSDB, no governo do Estado, promoveu contra o banco e contra os trabalhadores. Nosso histórico mostra que temos as credenciais necessárias para continuar luta", afirma Raquel.
As "credenciais"
A dirigente sindical enumera uma série de batalhas encampadas pelos bancários da Nossa Caixa e pelos sindicatos cutistas nos últimos quinze anos que resultaram em inúmeras conquistas e impediram que o banco fosse privatizado já na década de 1990.
"Não fosse nossa luta, o estado de São Paulo teria perdido a Nossa Caixa junto com o Banespa. Estamos lutando contra os desmandos do PSDB desde 1994. Naquele ano, os tucanos tentaram federalizar a Nossa Caixa para que o então presidente Fernando Henrique colocasse o banco no pacote de privatizações. Foi a mobilização da CUT e dos bancários que impediu esse intento, garantindo um acordo com o governo do Estado, que tirou a Nossa Caixa da mira das privatizações", lembra.
A sindicalista conta que, anos depois, o governo do PSDB tentou novamente vender a Nossa Caixa, ao enviar um projeto para a Assembléia Legislativa com o intuito de abrir o capital do banco. Os sindicatos cutistas foram à luta novamente e conseguiram, em 2001, mais de 253 mil adesões a um abaixo-assinado que pedia a realização de um referendo popular sobre a lei que abria o capital da Nossa Caixa.
"Já sob o comando de Geraldo Alckmin, o governo apostou novamente na privatização e, numa atitude anti-democrática, a liderança do governo engavetou o pedido de referendo popular", comenta Raquel.
Em 2004, para deixar a empresa mais atrativa para ser comprada, a Nossa Caixa iniciou um programa de desligamento voluntário. "Não havia nada de voluntário. O programa retirou cerca de 2 mil funcionários e aumentou a sobrecarga de trabalho. Mas os ataques do PSDB não pararam. O banco suspendeu o pagamento de hora extra e aumentou o assédio moral, num período marcado pela tentativa de retirada de diretos na Nossa Caixa. Só não foi pior graças à resistência do funcionalismo e dos sindicatos cutistas", diz.
Raquel lembra ainda que Alckmin também tentou vender as subsidiárias do banco, numa privatização parcial. Os sindicatos da CUT organizaram em 2005 uma série de protestos e acionaram a Justiça para impedir o leilão da subsidiária de Previdência do banco, em ação encabeçada pelo presidente do Sindicato, Luiz Cláudio Marcolino.
"Pode mudar o governo do PSDB que os ataques continuam. Em 2007, já sob o comando de José Serra, o governo do estado retirou R$ 2,1 bilhões do banco em troca da manutenção das contas e da folha de pagamento do funcionalismo público por cinco anos. Só que as contas já eram da Nossa Caixa, conforme acordo firmado na privatização do Banespa", recorda.
"A descapitalização desnecessária resultou na perda de mais de 30% do valor de mercado da Nossa Caixa. No mesmo ano, a Assembléia permitiu que Serra tirasse mais R$ 1,5 bilhão do banco, por meio da transferência de 70% dos depósitos judiciais feitos para o Tesouro Estadual", afirma a dirigente sindical.
"Em todos esses ataques, os funcionários da Nossa Caixa mostraram força e lutaram em defesa do banco. Fora a briga para manter os direitos que o PSDB tentou retirar, com diversos ataques ao Economus, à assistência médica e a tentativa de demitir mais 800 bancários. Portanto, temos credenciais para enfrentar o BB se necessário for", finaliza Raquel.
Fonte: Fábio Jammal Makhou – Seeb São Paulo