Sindicatos de funcionários públicos e alguns governadores republicanos estão em pé de guerra, num confronto que pode envolver a Casa Branca e se tornar um tema importante para as eleições presidenciais nos EUA do ano que vem. O clima vem servindo para unir sindicatos de diversas categorias e pode galvanizar apoios para os democratas, que estão se colocando do lado dos manifestantes.

O governador republicanos de Wisconsin quer aprovar uma lei com medidas polêmicas, como a restrição ao direito de negociação coletiva. Os funcionários públicos – exceto policiais e bombeiros – teriam também de aumentar a contribuição para os planos de saúde e previdência.

Outros governadores de Estados importantes, como Ohio e Nova Jersey, também estão tentando cortar benefícios e poder de barganha dos funcionários públicos. Eles dizem que isso é necessário dentro de seus planos de redução dos gastos estaduais.

O presidente Barack Obama já saiu em defesa do funcionalismo. Disse que todos concordam que precisa haver cortes, mas "não trará nenhuma vantagem denegrir ou vilipendiar os servidores públicos. Nem infringir seus direitos".

A fala de Obama acontece num dia em que os manifestantes que ocupam a Assembleia Legislativa de Wisconsin, em Madison, obtiveram uma vitória ontem. As autoridades recuaram da ameaça de prender todo mundo. Há quase duas semanas que esses manifestantes ocupam o Legislativo estadual em apoio ao funcionalismo e contra a proposta do governo de aprovar uma lei que restringe direitos trabalhistas.

As autoridades desistiram de prender os manifestantes depois de 70 mil pessoas terem ido às ruas da capital, Madison, no fim de semana em oposição à proposta governador Scott Walker para travar por lei qualquer negociação coletiva dos servidores públicos.

"As pessoas estão percebendo que, se querem que sua voz seja ouvida, é preciso gritar alto", disse Maya Madden, um manifestante ontem na Assembleia de Wisconsin. Madden, 66, dona de uma galeria de arte e loja de chá, disse que estava preparada para ser presa por se recusar a sair.

Os sindicalistas dizem que não foram procurados para negociar cortes e que o pacote do governo nunca havia sido discutido pela sociedade antes de sua apresentação na Assembleia. "O governador nunca tentou entrar em contato com os sindicatos que agora está atacando, muito menos negociar em boa fé, como a lei requere", disse Marty Beil, diretor-executivo do AFSCME, principal sindicato de servidores de Wisconsin.

Os políticos do Estado também vêm tomando medidas "excepcionais". Depois de uma aprovação tumultuada na Assembleia, parte dos senadores estaduais democratas fugiu para o vizinho Estado de Illinois para tentar evitar quórum para a votação final das leis propostas pelo governador.

"Essa é uma tentativa sistemática dos republicanos e do governador Walker para reduzir direitos dos trabalhadores e pisotear nossa democracia", disse a deputada estadual democrata Kelda Helen Roy.

"Se não tivermos essas alterações e os democratas do Senado não voltarem, vamos ser obrigados a fazer a economia por meio de demissões. E isso para mim é simplesmente inaceitável", disse o governador Walker.

O governador afirma que as medidas são necessárias para fechar o déficit de US$ 137 milhões no atual ano fiscal e de US$ 3,6 bilhões para o próximo biênio.

Hoje, ele deve apresentar mais medidas de economia, cortando verbas de até US$ 1 bilhão para o sistema educacional do Estado.

 
Fonte: Valor Econômico, com agências internacionais

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