Durante análise de conjuntura sobre a atual situação pela qual o Brasil vive, os mais de dois mil participantes do 12º Congresso da CONTAGpuderam atualizar dados e conhecer novas informações para multiplicar as reflexões e levar para casa a bandeira de lutas que deverá nortear a agenda no próximo período. O principal ponto de discussão, a retirada de direitos conquistados que afetará a maioria dos trabalhadores rurais que vivem da agricultura familiar, está avançando a passos velozes dentro do Congresso Nacional, em conluio com o atual governo federal que chegou ao poder por meio de um golpe de Estado jurídico, midiático e parlamentar.

Para o presidente da CUT do Espírito Santo e delegado do #12CongressoContag, Jasseir Alves Fernandes, as análises de conjuntura têm o papel de situar as lideranças, “nesse contexto, ao trazer análise que retrata nossa realidade, principalmente o tema da previdência, desmistifica e informa”, destaca.Segundo sua avaliação, tem liderançascom acesso fácil à informação, “mas os delegados e delegadas de cada município desse país, muitas vezes não tem essa relação de dados mais apurada e com confiabilidade para poder fazer o confronto de debate devido ao conjunto de mentiras que são colocadas na mídia”, avalia o dirigente.

Foto: Rafael FernandesPara a professora da Universidade Federal da Paraíba, Socorro Silva, a reforma da previdência é uma das estratégias neoliberais para destruir as conquistas históricas dos movimentos sociais do campo e da cidade e destaca a importância da unidade dos movimentos do campo e da cidade e de toda a sociedade brasileira.“Por mais que o movimento seja forte, sozinho não dá conta deste cenário, não consegue encarar esta crise, que é maior de fazer uma contrarreforma da previdência; é uma crise de civilização e o reencontro como neoliberalismo.Precisamos planejar nossas ações prestando atenção nos novos atores, como a juventude e mulheres, fazer visitas sindicais porta a porta e uma estratégia de comunicação que chegue para a população brasileira que não vivem em organizações com a CONTAG”, explica.

Para ela só a organização e luta barrará o que pode ser muito pior que é a disputa de consciência do povo brasileiro.“Hoje o que estamos vivendo não sãoapenas os avanços das retiradas de direitos conquistados, vivemosum retorno de projeto de civilização que começa com o desmonte da nossa Constituição federal e a construção de uma mentalidade conservadora”, alerta.

Na ocasião, a ONG Auditoria Cidadã, por meio da coordenadora do movimento, Maria Lucia Fatorelli, lançou uma consulta nacional sobre reformas e auditoria da dívida pública. A proposta de campanha que deverá se espalhar por todo o país pretende ouvir os principais afetados pelas reformas da previdência e trabalhista, sugeridas pelo presidente sem voto Michel Temer (PMDB). “Os trabalhadores serão os únicos prejudicados com as propostas vindas deste governo que ataca com a proposta da reforma da previdência que hoje atende mais de 60 milhões de pessoas; ataca os direitos trabalhistas para aumentar os lucros e sacrificar a classe trabalhadora, privatiza serviços essenciais e riquezas naturais, congela os investimentos públicos para os próximos 20 anos e ainda quer ampliar a terceirização para acabar com direitos básicos, como férias e jornada de trabalho de 8 horas, porém não mexem com o setor financeiro e o capital estrangeiro são os principais beneficiários desse projeto neoliberal que não foi eleito democraticamente”.

Segundo explicou Fattorelli, quase 50% do orçamento geral da União éutilizado para o pagamento de juros e amortização da dívida e são transferidos automaticamente para os bancos, “que mesmo com a crise lucraram bilhões no último período e financiaram a campanha de uma grande parte da classe política, entre eles o próprio relator da Reforma da Previdência, Arthur Maia (PPS/BA)”, denunciou a professora.

Conforme dados do Dieese, apresentado ao atento públicopelo presidente da instituição, Clemente Ganz Lucio, 85% da população que mora nas cidades é alimentada pela agricultura familiar. Segundo ele, a produção de alimentos produzidos no nosso país vai além do consumo próprio. “Os trabalhadores e as trabalhadoras do campo precisam produzir o alimento de toda a população do campo e da cidade, que é em torno de 170 milhões de brasileiros”, esclareceu o economista e concluiu: “nós precisamos ter a clareza de que estamos fazendo a história dos trabalhadores e das trabalhadoras do campo, do Brasil e do mundo. Nós produzimos, construímos e desenvolvemos. O Brasil hoje é resultado de nossa luta e dela será o país que teremos”.

Escrito por: Érica Aragão e Luciana Waclawovsky