A oferta de uma linha de crédito de 100 bilhões de euros para recapitalizar bancos espanhóis foi a forma encontrada por líderes europeus de preparar os países da zona do euro mais afetados pela crise para o próximo evento no continente, de repercussão imprevisível: as eleições gerais na Grécia, no próximo domingo. O objetivo é evitar a ameaça de uma corrida bancária na Espanha, caso a crise da dívida grega se intensifique após as eleições.
Embora o governo espanhol negue, o pacote resultou de pressão da Alemanha e da França, principais potências da Europa. A preocupação é com a saúde de pelo menos 30% dos bancos espanhóis, abalados por créditos ruins desde o estouro da bolha imobiliária. Apenas em março, houve saques líquidos de 66 bilhões de euros em instituições espanholas.
A ajuda é a mais nova linha de contenção da crise após os resgates da Grécia, Irlanda e Portugal. A operação também tem a intenção de aliviar a pressão sobre a Itália, que devido a seu endividamento elevado é vista como a próxima candidata a um plano de socorro.
Uma característica do novo pacote é que, pela primeira vez, o país beneficiado não terá de cumprir condicionalidades. A iniciativa alimenta expectativas de que as principais autoridades europeias estejam começando a adotar uma abordagem mais flexível para tratar a crise, que já dura cinco anos. A dúvida é se o resgate espanhol acalmará os mercados na semana que antecede as eleições gregas.
Fonte: Valor Econômico / Paul Taylor / Reuters