A importância de eleger candidatos comprometidos com o futuro das empresas públicas foi exaltada durante a abertura dos congressos do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal
“Este evento é fundamental para o debate sobre a importância dos bancos públicos para a reconstrução do Brasil que a gente quer, um país com emprego, saúde, educação, soberania, equidade e democracia”, afirmou a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, na abertura solene dos encontros nacionais específicos dos trabalhadores de bancos públicos nacionais: Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Banco do Nordeste, Banco da Amazônia e BNDES, realizada na noite desta quarta-feira (8).
Ivone Silva, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e uma das coordenadoras do Comando Nacional, falou sobre a importância dos bancos públicos para o país e sobre as eleições deste ano. “É quando teremos a oportunidade de tirar este governo racista, homofóbico, que não gosta das mulheres e negacionista”, disse. “Vamos discutir o Brasil que querermos e ele passa pelos bancos públicos, tão importantes para o país e que o governo só pensa em privatizar, mas que nossa organização conseguiu impedir. A Caixa, o Banco do Brasil e todos os bancos públicos são fundamentais para o crédito, para a agricultura e a casa própria”, destacou.
Sérgio Nobre, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), se disse honrado em participar de um evento do setor que sempre foi fundamental ao país, em especial durante a pandemia, por garantir à população mais vulnerável acesso aos auxílios conquistados através da luta da classe trabalhadora. “Isso só reforça a importância dos bancos públicos desse país, que vivem o pior período da sua história por culpa do governo criminoso de Bolsonaro, no qual a classe trabalhadora é a mais prejudicada, aquela que paga conta mais alta dessa crise profunda. Hoje, um terço da população brasileira está desempregada, desalentada ou fazendo bico. Nossa tarefa é vencer ou vencer as eleições deste ano. Para isso, temos de ir além da mobilização nos locais de trabalho e falar com a população nos bairros, ir à periferia do país, ocupar as redes sociais, levar nossa narrativa e explicar ao povo porque o Brasil está vivendo essa tragédia. Temos que estar muito preparados. Esse será o papel das brigadas digitais, produzir e divulgar informação verdadeira para ajudar a esclarecer a população e derrotar Bolsonaro nas redes sociais e nos aplicativos de mensagens e depois, mais na frente, transformar em instrumento de organização permanente da CUT para dar visibilidade às nossas lutas e, principalmente, pressionar o Congresso Nacional pelos interesses dos trabalhadores e das trabalhadoras”.
O presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae), Sergio Takemoto, destacou a recente pesquisa 2º Inquérito Nacional sobre Segurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19, que apontou que a fome atinge 33 milhões de pessoas, mesmo patamar da década de 1990. Takemoto reforçou que não se pode ter dúvidas do que 2022 representa para os trabalhadores. “Não dá para aceitarmos naturalmente um país onde 33 milhões de pessoas não tenham o que comer. É por isso que esse é o ano das nossas vidas. Que temos o maior desafio das nossas vidas de fazer esse país retomar o caminho da democracia. Já passamos por uma experiência sobre o Brasil que a gente quer. Nos governos democráticos de Lula e Dilma caminhamos muito nessa direção. Tínhamos o pleno emprego, a Caixa e os bancos públicos viviam aquilo que a gente espera para os bancos públicos. Então não podemos ter dúvidas para estes anos. Temos um grande desafio que é essa campanha salarial, mas principalmente, como foi dito aqui, temos um desafio em outubro, que é resgatar a democracia e reeleger um presidente comprometido com as nossas pautas. A pauta dos trabalhadores e da sociedade brasileira”.
Mudança passa pelos bancos públicos
O engenheiro e economista Eduardo Moreira, convidado, para a abertura solene dos Congressos dos Bancos Públicos, ressaltou “que a situação no Brasil está dramática, mas muitas vezes as estatísticas, mesmo sendo muito ruins, escondem o verdadeiro inferno que está acontecendo no Brasil. “Temos que exigir mudanças estruturais, porque quem sofre há mais de 500 anos merece mudança. E isso passa pelos bancos públicos”, disse, o economista.
Para ele, o único jeito de desarmar esta bomba atômica é derrotar Bolsonaro nas próximas eleições. Mas, para Eduardo Moreira, “esta é uma luta histórica, não é de um ano, não é de uma eleição”.
Também convidado para fazer fala na abertura, o ex-governador do Piauí, Wellington Dias, participou virtualmente e parabenizou o evento em conjunto. Ele mencionou a importância da luta coletiva e do exemplo de construção realizada em unidade pela categoria bancária. “Eu tenho dialogado sobre a importância de não ficar no isolamento, de levar a batalha, a luta e a organização para coletividade. A importância de que todos os trabalhadores, sejam do Banco do Brasil, da Caixa Econômica, do Banco do Nordeste, todos os bancos, construam de modo unificado.”
Eletrobras
Fabiola Latino Antezana, especialista em Energia e Sociedade no Capitalismo Contemporâneo pela UFRJ, trabalhadora do Sistema Eletrobrás e dirigente sindical do Sindicato dos Urbanitários do Distrito Federal, comentou sobre a iminente privatização da Eletrobras. “A privatização da Eletrobras vai penalizar não apenas os trabalhadores da empresa, mas toda a população, com o aumento da tarifa de energia. O governo federal veio com um mantra de que a empresa não tinha capacidade de investimento, assim como faz com todas as empresas públicas. Mas, a realidade é que houve uma política de gestão visando esse enfraquecimento para poder privatizar a Eletrobras. Nós acreditamos que a eleição de Lula e de candidatos do campo progressista vai pavimentar o caminho de volta paras as empresas públicas ajudar a reconstruir esse país”.
Bancos públicos
O coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil, João Fukunaga, afirmou que esse será um ano decisivo para a categoria. “É um ano muito decisivo para os bancos públicos. O que vai estar em jogo nas eleições é o futuro desse país. E, consequentemente, a existência dos bancos públicos. Com certeza qualquer projeto liberal, que seja representado pelo atual presidente ou qualquer outro dessa linha, significa o fim dos bancos públicos. Só um governo progressista irá defender os bancos públicos, como defendeu ao longo dos últimos anos. Utilizando os bancos públicos como fomentadores da economia, para evitar crises econômicas. Também queremos fazer um debate sobre a importância do Banco do Brasil para a agricultura familiar. A alta do preço dos alimentos tem nome e responsabilidade. É a falta da atuação dos bancos públicos e o fim das políticas públicas governamentais”.
“É muito bom voltar sabendo que a ciência venceu o fascismo”, disse o coordenador da Comissão Executiva de Empregados da Caixa (CEE/Caixa), Clotário Cardoso, ao falar sobre a volta do Conecef presencial. Ele explicou como os regimes totalitários utilizam a ciência como um mecanismo de manipulação para atingir o povo, inserindo “pseudocientistas” no comando de instituições das organizações sanitárias de um país. E citou como o governo Bolsonaro imprimiu a mesma maneira durante a pandemia da Covid-19. “Colocaram pessoas fascistas dentro desses institutos de pesquisa, com visão fascista da ciência”, acrescentou, ao criticar o incentivo da cloroquina, medicamento comprovadamente ineficaz contra a Covid-19. “Ele usou isso como instrumento de doutrinação do povo, mas graças à Ciência, estamos aqui hoje”, disse Cardoso, biólogo por formação.
“Nós, bancários, especificamente os de bancos públicos, sofremos muito na pandemia. Na Caixa, muitos trabalhadores se colocaram à disposição do povo e acabaram em uma situação de risco à vida. Gostaria de homenagear os companheiros e companheiras que faleceram durante a pandemia por uma estupidez dos bancos, de um governo fascista. Nós temos o compromisso com os bancários na campanha nacional e, sobretudo, com o país, elegendo um presidente que tenha compromisso com o povo, com a ciência, com a verdade”, finalizou Cardoso.
O coordenador da Comissão de Negociação dos Empregados do Banco da Amazônia (Basa), Sergio Trindade, reforçou a importância dos bancos públicos no desenvolvimento do país e destacou o grande desafio que o Basa vive. “Vivemos um desafio que é defender os bancos públicos, defender o papel deles para o desenvolvimento do país. Para isso, precisamos defender e dizer que eles não são dispensáveis, eles são importantes. Precisamos defender a presença do Estado nesses entes públicos. Também quero deixar uma mensagem de repúdio à diretoria do banco que decidiu demitir 145 empregados.”
O coordenador do Comitê em Defesa do Banco do Nordeste, Robson Araujo, falou sobre a década de avanços do Nordeste, assim como todo o país, com os governos do ex-presidente Lula. Ele citou o Fies, os programas Minha Casa, Minha Vida, Luz para Todos e tantas outras ações que melhoraram a vida dos nordestinos, como as obras da transposição do rio São Francisco. “O Banco do Nordeste dobrou o número de funcionários e agências, se tornou o terceiro maior banco de microfinanças do mundo. O microcrédito responde por mais da metade dos lucros do banco”, destacou. E criticou o governo Bolsonaro. “O que o governo tem feito contra as estatais prova que as milícias que tomaram conta do país não têm nada de patriota. Patriota luta pela democracia, patriota vota em Lula”.
Arthur Koblitz, presidente da Associação dos Funcionários do Banco do Desenvolvimento (BNDES), destacou a perseguição do governo Bolsonaro ao banco. “Temos vivido alguns momentos dramáticos em defesa dos empregados do banco, da instituição do BNDES, que foi alvo preferencial de ataque dos governos Temer e Bolsonaro”, disse, e enalteceu o apoio das entidades na luta em defesa dos bancos e dos trabalhadores. “Desejamos que o Congresso nos fortaleça para enfrentarmos os desafios do nosso país, que é muito desigual. Em algum momento imaginamos que o Brasil se tornaria um país com a democracia política menos desigual, mas, infelizmente, está quase tão desigual como no início da década de 1980. 30 anos depois, estamos lutando pela nossa democracia” analisou Koblitz.
Momento histórico
Elisa de Figueiredo Ferreira, dirigente sindical do Sindicato dos Bancários de Campinas e representante da corrente política Unidade, lembrou que os congressos dos bancos acontecem num momento histórico, que terá reflexo por muitos anos. “É um momento que se a gente não interferir, a gente vai penar por muitos anos. A construção da unidade para derrotar esse governo e o bolsonarismo é essencial. Após essa derrota, começa outra discussão, que é o rumo do próximo governo. Nesse governo o papel dos bancos públicos tem de ser de indutor da economia e do desenvolvimento social”.
O presidente do Sindicato dos Bancários da Bahia e representante da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Augusto Sérgio Vasconcelos, parabenizou a construção coletiva da categoria bancária. Destacou que os próximos dias serão de intensos debates, sendo os bancários os trabalhadores que dão exemplo de unidade, construindo o movimento na base, de maneira real. “Através de uma consulta virtual, foi possível que bancários e bancárias de todo país dessem a sua opinião na construção da nossa pauta, com conferências estaduais e regionais que alcançaram diversos colegas que participaram destes momentos de construção. É um longo percurso que teremos, mas a categoria dá exemplo”.
Para Vasconcelos, o desafio está, também, no fato de a categoria enfrentar o setor mais poderoso da economia nacional, que está muito bem representado no parlamento, buscando os interesses das elites. “Estamos enfrentando diversos ataques à existência da democracia brasileira. Bolsonaro a todo instante flerta com a possibilidade de não aceitar o resultado das urnas e nós não podemos nos omitir. É essa mesma turma que aprova a retirada da exclusividade do penhor da Caixa, que aprovou a reforma trabalhista, que ataca o Banco do Brasil com as tentativas de vender as suas subsidiárias como a BB DTVM, que é uma empresa premiada internacionalmente e que esses caras querem entregar ao mercado, detonando por dentro as estruturas públicas que foram construídas ao longo de décadas”, declarou.
O representante da CTB também fez alusão à importância de pautar a saúde dos trabalhadores bancários, que vêm sofrendo com um governo que tem, como uma das principais pautas, a privatização de empresas e bancos públicos. “Hoje, são 34% de colegas tomando remédio tarja preta, com problemas de síndrome do pânico, depressão, síndrome de burnout, ansiedade. Isso é o cotidiano dos bancários e bancárias do nosso país”, finalizou.
Rita Lima, coordenadora geral do Sindicato dos Bancários do Espírito Santo e representante da Intersindical, destacou “o momento muito ruim do trabalhador brasileiro, que vive sob um governo fascista, machista, xenófobo, homofóbico, que não titubeia em matar o povo brasileiro de fome e que precisa ser varrido da face do país”. Para a dirigente, essa que “é uma tarefa de todos nós só vai ser cumprida com a união”. Rita Lima também incentivou os bancários a se engajarem na luta pela reconstrução do Brasil. “Como uma categoria organizada, na vanguarda do movimento sindical, temos que nos unir na plataforma da classe trabalhadora apresentada ao presidente Lula, e unidos lutar contra a privatização dos bancos e das empresas públicas, exigir a revogação do teto de gastos e da reforma trabalhista, derrotar os banqueiros, o governo Bolsonaro e o bolsonarismo”, disse.
Os congressos do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal continuam nesta quinta-feira (9).
Também serão realizados os encontros nacionais dos funcionários do Bradesco, Itaú e Santander.
Se você não acompanhou o evento, veja aqui. Abertura dos Congressos dos Bancos Públicos | TV Contraf – YouTube
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Fonte: Contraf-CUT