Os bancos brasileiros estão seguros e seriam uma "exceção" no setor em meio à crise, segundo reportagem publicada pela revista britânica Economist que chega às bancas nesta sexta-feira.
Comentando o corte de 1,5 ponto percentual da taxa de juros Selic na semana passada, a revista afirma que o Banco Central conseguiu cortar as taxas "dura e rapidamente", e que mais cortes são esperados.
"Esta é uma novidade bem vinda: no passado, a frágil moeda e a alta inflação impediam que o país adotasse medidas anti-cíclicas como esta", afirma a reportagem.
Mas a revista destaca que os cortes nas taxas não estão sendo repassados para os clientes, alimentado a discussão sobre os altos lucros dos bancos com seus spreads (a diferença entre as taxas cobradas sobre o dinheiro que o banco toma emprestado e que ele empresta aos seus clientes).
"Os bancos brasileiros podem ser caros, mas pelo menos eles estão seguros", diz a Economist, "Até agora, nenhum deles teve problemas com a crise financeira mundial. Isso pode ser porque seus lucros com as atividades diárias são tão altos que eles não precisaram assumir riscos tolos."
A Economist afirma que, segundo um cálculo do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), o Brasil tem os spreads bancários mais altos do mundo.
O cálculo, no entanto, é disputado pela Federação de Bancos, que alegam que os spreads são inflados pelos impostos sobre as transações bancárias.
De acordo com a revista, a segurança também se deve ao fato de os regulamentos serem mais duros desde que vários bancos quebraram quando a inflação foi domada, em meados dos anos 90.
A Economist comenta ainda que os bancos HSBC e Citibank, que enfrentam problemas no resto do mundo, vão bem no Brasil.
"De uma maneira ou de outra, o sistema bancário do Brasil parece que vai continuar a ser a lucrativa exceção aos desastres em outros lugares", conclui a reportagem. BBC Brasil – Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
Fonte: BBC Brasil