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Crédito: Renato Silva

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O ex-presidente da antiga Confederação Nacional dos Bancários (CNBCUT), Sérgio Rosa, que nesta segunda-feira 31 deixa a presidência da Previ, apresentou uma análise de conjuntura no primeiro dia do 21º Congresso Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil. Sérgio Rosa destacou os avanços históricos do governo Lula e a participação decisiva do movimento sindical na conquista da democracia e dos importantes ganhos sociais e econômicos dos trabalhadores e dos excluídos no Brasil nos últimos anos.

O ex-dirigente sindical enumerou alguns fatos importantes ocorridos durante o governo Lula, como 20 milhões que deixaram a condição de miseráveis, 12 milhões de empregos criados, a mais baixa taxa de desemprego da historia do país, salário mínimo com maior poder de compra em muito tempo e crescimento econômico com distribuição de renda.

"Nós comentamos com naturalidade fatos como estes, mas eu não os vejo dessa forma. Vejo como um fenômeno fantástico. Ainda que acreditemos que o governo poderia ter feito mais, acho que ele entrou para a história do Brasil e será analisado como o período mais importante que o país viveu. Vai deixar pra trás o período Vargas, com as leis trabalhistas, o Juscelino, com a forte industrialização. O governo Lula é a maior transformação da sociedade brasileira", afirma.

Crescimento com distribuição de renda

As mudanças em curso, segundo ele, explicam o maior apoio recebido pelo presidente nas regiões Norte e Nordeste, enquanto no Sul e Sudeste se concentram os mais resistentes ao seu governo. "Nós lutávamos por uma mudança de prioridades no governo que levasse à distribuição de renda, e isso está ocorrendo. As regiões mais pobres estão recebendo mais recursos, não apenas por meio dos programas de transferências de renda, mas também pelo destravamento dos investimentos do Estado nessas regiões, entre outros fatores", analisa.

"Se achamos que o que foi feito não significa muito, talvez estejamos vendo o processo com os olhos de trabalhadores de classe média, que é o que somos. O governo Lula melhorou pouco a nossa vida, continuamos trabalhadores de classe média. Mas se o governo foi eleito para transformar a vida dos mais pobres e ele conseguiu melhorar a vida de 30 milhões de pessoas, acho que fez certo", defende. "E isso vai nos afetar também, ou pelo menos aos nossos filhos, que viverão num país com perspectiva de inclusão social, com investimento, dinâmica econômica positiva", avalia.

Rosa vê ainda enormes desafios para o país, entre ele aprofundar alguns aspectos do governo atual, como a incorporação de todos os atores sociais no debate público. "O governo reconheceu a todos, trabalhadores, MST, como atores sociais e os inclui nas discussões. Quando se vê a perseguição que sofremos na imprensa, que praticamente tenta impedir que sindicalistas tenham qualquer cargo público, é uma tentativa da elite de garantir seu espaço", afirma.

Luta por espaços internacionais

No cenário internacional, Rosa vê um mundo que está se "rearranjando". "Há tendências que já estavam se desenhando há algum tempo e que estão se consolidando agora, como a maior influência dos países emergentes", afirma.

Um ponto importante para ele é a contradição que se coloca na luta das nações pelos espaços internacionais, especialmente com a ascensão da China, que, expondo seus trabalhadores a péssimas condições de trabalho, consegue impor um ritmo alto de produção e garantir um crescimento que outros países não conseguem acompanhar.

"Enquanto isso, na Europa, temos essa crise que é também do modelo do Estado de bem-estar social, com proteções aos trabalhadores, que é algo invejável, que deveríamos buscar ter algo semelhante aqui, mas que por outro lado coloca a Europa em desvantagem comparativa num mundo globalizado."

Para Sérgio Rosa, "essa não é uma questão apenas política, é uma luta por espaços internacionais. O Brasil, por exemplo, é competente na produção agrícola, mas nossos produtos sofrem inúmeras barreiras na mesma Europa para proteção dos agricultores deles. Ou seja, para defender nosso interesse nacional temos que prejudicar aqueles agricultores. É uma contradição".

‘Brasil hoje disputa a riqueza mundial’

Para Rosa, o Brasil entra nesse processo de forma interessante, ao começar, durante o governo Lula, a romper um processo de subordinação aos interesses dos Estados Unidos. "O país está buscando novos mercados, quebrando paradigmas, exercitando parcerias com países que antes eram ‘secundários’. Antes, essa subordinação nos levava a quase implorar para assinar um acordo como o da Alca, na lógica de que ele seria fundamental para termos acesso ao mercado dos EUA. Hoje não se fala mais nisso, o Brasil diversificou sua pauta e não depende mais dos EUA", afirma.

"O Brasil hoje se confronta com a diplomacia dos EUA como alternativa na construção de um mundo multipolar. A ação no Irã é um esforço para deixar de lado essa estratégia do bloqueio comercial, pregadas pelos EUA, que pressiona os governos desses países, mas também seus povos e não resolve. É uma postura corajosa, que passa por cima de preconceitos", analisa. "O Brasil ainda é pequeno, não tem poderio militar, mas essa ação significa que o país percebeu e aceitou o papel de disputar parte dessa riqueza mundial com parcerias com outros povos", conclui.

Fonte: Nicolau Soares – Rede de Comunicação dos Bancários

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