Os empréstimos interbancários, que são vitais para a sobrevivência das instituições financeiras, à medida em que eles oferecem recursos para períodos que vão desde o "overnight" até um ano, começaram a travar no mês passado. Bancos começaram a acumular caixa em meio a crescentes preocupações em torno de risco de contrapartes, devido à exposição deles às economias mais endividadas da periferia da zona do euro.
Na sexta-feira, porém, surgiram sinais de alívio, depois que importantes indicadores caíram com base na expectativa de que os testes de estresse possam conferir aos bancos mais confiança para recomeçarem a conceder crédito uns aos outros.
O importante diferencial do índice da taxa referencial interbancária do euro (OIS), que efetivamente mede o medo no sistema bancário, se estreitou, enquanto operadores relatavam que alguns bancos estavam mais dispostos a dispor do seu caixa.
Elisabeth Afseth, analista do Evolution, diz: "O nível de confiança melhorou devido aos testes de estresse, isso é certo. Havia um perigo de que esses mercados se fechassem totalmente para bancos em alguns países, como a Espanha".
Realmente, o BBVA, segundo maior banco da Espanha, alertou que estava tendo problemas para refinanciar dívidas, à medida que muitas instituições impuseram limites de crédito aos bancos do país nas semanas recentes – como fizeram com a Grécia – devido a apreensões sobre o seu sistema financeiro.
Apesar de a plataforma BrokerTec, da Icap, amplamente usada por bancos para levantar caixa por meio de operações de recompra de curto prazo, continuar detectando limites de crédito impostos à Espanha, o anúncio do teste de estresse elevou o nível de confiança.
O spread do OIS, que efetivamente mede o risco das contrapartes, se estreitou de 0,314% na quinta-feira para 0,309% na sexta-feira.
Esse spread, que mede a diferença entre o custo para os bancos de emprestar em euros ao longo de três meses e as taxas do overnight "livre de risco" aumentou em um terço desde o começo de maio.
Os níveis de estresse nem chegam perto dos níveis vistos após a quebra do Lehman Brothers em setembro de 2008, quando esses spreads cresceram a 1,95%, porém sua ampliação implacável alarmou os investidores.
Grande parte dos 3 mil bancos da zona do euro – e não apenas os que estão na periferia da zona do euro – estão enfrentando dificuldades para acessar os mercados de crédito interbancário. Isso poderá vir a conduzir a fusões ou quebras, à medida em que as linhas de caixa secarem.
Fonte: Financial Times / David Oakley