Crédito: Seeb Brasília
Organizado pela Confederação Nacional das Torcidas Organizadas (Conatorg), o seminário sugeriu melhoras no estatuto, além de apresentar encaminhamentos de como é possível fazer com que a legislação seja respeitada e se aproxime cada vez mais da realidade do torcedor, sendo ele de torcida organizada ou não.
Ao citar os direitos dos cidadãos brasileiros ao esporte, lazer, transporte, educação, saúde e segurança, garantidos na Constituição Federal, o presidente do Sindicato dos Bancários de Brasília, Rodrigo Britto, disse que os torcedores, organizados ou não, estão sendo excluídos de boa parte dessas garantias constitucionais.
"O alto valor dos ingressos está afastando os torcedores dos estádios. É inconcebível permitir que isso aconteça. Ao lado dos jogadores, eles são a grande vitrine do futebol", observou.
Na opinião de Britto, o Estado é ausente e permite a elitização do futebol. "Infelizmente, a grande paixão nacional tornou-se um grande negócio, onde poucos ganham às custas dos milhares de torcedores", apontou.
"Com a força que têm nas arquibancadas, vocês conseguem mudar qualquer lei no Congresso Nacional", concluiu Rodrigo Britto, ao citar que o Estatuto do Torcedor precisa passar por alterações para que fique mais próximo da realidade dos torcedores.
Copa de 2014 sim, Ricardo Teixeira não
Ao final do seminário, os representantes das torcidas organizadas aprovaram uma campanha a favor da Copa do Mundo de 2014, que será realizada no Brasil, e contra a permanência de Ricardo Teixeira à frente da CBF.
Presidente da Conatorg, Wildner Rocha defendeu com veemência o manifesto e uma série de ações contra Ricardo Teixeira. "Apesar de sabermos que ele é o grande manda-chuva do futebol brasileiro, não podemos nos intimidar só porque ele é poderoso. Vamos lutar contra a elitização do esporte mais popular do país e pela descriminalização dos torcedores", afirmou ele, que também é integrante da Gaviões da Fiel.
Após o discurso do presidente da Conatorg, representantes de outras torcidas organizadas também apoiaram o manifesto contra Ricardo Teixeira. Encerrado o debate, os torcedores aprovaram, por ampla maioria, o manifesto e uma série de atos contra o presidente da CBF.
Simultâneas, as ações contra Teixeira devem ocorrer durante as partidas do Campeonato Brasileiro de Futebol. De acordo com a proposta preliminar, as torcidas deverão abrir bandeiras com frases em repúdio à permanência de Teixeira à frente da CBF.
Mesmo com a aprovação do manifesto e das atividades contra Ricardo Teixeira, a Conatorg decidiu abriu espaço para que os representantes das torcidas que não concordam com as ações se manifestem por e-mail. "É uma forma democrática para levantarmos o debate também entre os torcedores contrários aos protestos contra Ricardo Teixeira", salientou Wildner Rocha.
Denúncias
Responsável por organizar a Copa do Mundo de 2014, Teixeira é acusado de receber propina da International Sports and Leisure (ISL) para se manifestar a favor do contrato da Fifa com a empresa. O presidente da confederação sul-americana, Nicolás Leoz, e o presidente da confederação africana, Issa Hayatou, também são acusados do mesmo comportamento. A denúncia foi apresentada pelo programa Panorama, da rede britânica BBC.
De acordo com a BBC, Ricardo Teixeira e o sogro, João Havelange, teriam recebido propina de R$ 15,1 milhões (US$ 9,5 milhões). O dinheiro teria sido pago à Sanud, empresa baseada no principado de Liechtenstein, um paraíso fiscal usado para sonegar impostos ou esconder dinheiro sujo.
Teixeira já foi alvo de denúncias de corrupção, de lavagem de dinheiro e de enriquecimento ilícito.
A Conatorg
Fundada em 13 de outubro de 2010, a Conatorg tem o objetivo de unir algumas bandeiras de lutas de todas as torcidas em âmbito nacional. A criminalização que sofre a torcida organizada e que agora se materializa em alguns artigos do Estatuto do Torcedor faz com que as torcidas precisem se organizar cada vez mais para barrar o processo de exclusão do torcedor organizado do futebol.
A Conatorg surgiu para que as torcidas organizadas possam atuar de maneira conjunta em alguns temas que são de importância para todas as torcidas, tais como: a prevenção da violência no futebol; a alteração dos horários dos jogos, que atendem a interesses comercias e não a maioria dos torcedores; a não extinção dos setores populares dos estádios; melhores condições de tratamento ao torcedor, com o fortalecimento do Estatuto do Torcedor; a busca por uma maior transparência nas transações e negócios dos clubes; entre outras pautas que precisam da organização e articulação.
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Fonte: Seeb Brasília