Gesto solidário da maior entidade sindical do mundo consolida parceria estabelecida em janeiro entre os chineses e o Fórum das Centrais Sindicais do Brasil
A Federação Nacional dos Sindicatos da China (ACFTU), que congrega todas as entidades sindicais do país asiático, vai doar US$ 300 mil (cerca de R$ 1,7 milhão) para que para o Fórum das Centrais Sindicais organizarem ações conjuntas de combate à Covid-19 no Brasil.
A ACFTU é a maior entidade sindical do mundo, com 302 milhões de trabalhadores e 1,7 milhão de sindicatos filiados. A entidade ocupa a vice-presidência na Assembleia Popular chinesa (espécie de Congresso Nacional), com trânsito e forte influência junto ao governo do presidente Xi Jinping.
O compromisso foi oficializado em carta enviada por Jiang Guangping, vice-presidente da ACFTU, ao Fórum das Centrais Sindicais do Brasil, formado pela CUT, CTB, CSB, Força Sindical, UGT e Nova Central. Os representantes dos trabalhadores dos dois países se reuniram de forma virtual em janeiro, em meio aos ataques do então chanceler brasileiro Ernesto Araújo ao governo e ao povo chinês.
Os brasileiros pediram a seus colegas chineses que interviesse junto ao governo de Pequim para “abrir caminhos para que o Brasil receba os insumos à produção de vacina anti-Covid-19 e ajuda humanitária à população da Região Norte do Brasil, que, além da pandemia, enfrenta a falta de oxigênio hospitalar”.
Coincidentemente, o anúncio da entidade chinesa foi feito no dia em que Araújo foi demitido por pressão do Congresso Nacional.
Solidariedade entre trabalhadores
“Atualmente, a China já alcançou resultados estratégicos importantes na batalha contra a Covid-19 e retomou de maneira ordenada a produção e a vida. No entanto, a pandemia ainda está expandindo em todo o mundo. Sentimos muito pelos sofrimentos dos povos causados pela pandemia e lamentamos profundamente as mortes causadas pela doença”, diz a carta do dirigente chinês Guangping aos brasileiros.
“Esse é um gesto de solidariedade dos trabalhadores chineses para amenizar a tragédia que os trabalhadores e o povo brasileiros enfrentam durante a pandemia, que já matou 315 mil pessoas no Brasil. Essa ação solidária contrasta com o descaso, a omissão, o negacionismo e a irresponsabilidade criminosa do governo Bolsonaro diante do avanço da proliferação da Covid-19”, elogia Cleiton dos Santos, presidente da Federação dos Bancários do Centro-Norte (Fetec-CUT/CN).
Importância do intercâmbio
A doação ocorre após reunião virtual realizada em janeiro entre a ACFTU e o Fórum das Centrais Sindicais para tratar de ações conjuntas de combate à pandemia. Na época, as entidades brasileiras divulgaram a seguinte nota:
“Em mais uma ação humanitária e de diplomacia de classe ante a criminosa incompetência do governo federal, as centrais destacaram nossas relações solidárias e de cooperação sindical e apelaram à entidade sindical chinesa para interceder junto ao governo central da China e abrir caminhos para que o Brasil receba os insumos à produção de vacina anti-Covid-19 e ajuda humanitária à população da Região Norte do Brasil, que, além da pandemia, enfrenta a falta de oxigênio hospitalar.
A China tem o insumo essencial à produção da vacina, mas as relações diplomáticas com o Brasil ruíram em consequência dos ataques e chacotas de Bolsonaro, do seu filho e do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. Os sindicalistas chineses compreenderam a demanda das Centrais Sindicais brasileiras e as enormes dificuldades que vivemos no nosso país e declararam:
“Vamos usar todos os nossos canais e esforços para levar a mensagem de vocês [centrais] ao governo central e ao Partido [Comunista Chinês] sobre as necessidades imediatas do povo brasileiro decorrentes da pandemia”, afirmou An Jianhua, membro da Direção Executiva e secretário Internacional da Federação dos Sindicatos da China. A entidade ocupa a vice-presidência na Assembleia Popular chinesa (espécie de Congresso Nacional), com trânsito e forte influência junto ao governo do presidente Xi Jinping.
O líder sindical chinês afirmou também que a Federação está solidária à população de Manaus (à qual se referiu como povo da floresta amazônica) e garantiu que a entidade oferecerá todo apoio e ajuda para que o povo da capital amazonense saia dessa crise sanitária imposta, não só pelo vírus, mas também pela falta de oxigênio hospitalar.
“Nós também já conversamos muitas vezes com o governo para falar que a maioria do povo brasileiro e as centrais sindicais do Brasil, que representam a classe trabalhadora, sempre mantiveram uma atitude amistosa em relação à China”, lembrou o dirigente chinês.
An Jianhua agradeceu às centrais brasileiras por terem enviado carta ao Congresso Nacional, em 2020, repudiando ataques de Bolsonaro, “que prejudicaram as relações amistosas entre China e Brasil. “Quando fomos convidados para essa reunião aceitamos imediatamente, porque valorizamos e consideramos de suma importância esse encontro e intercâmbio”, afirmou o sindicalista chinês.
Fonte: Fetec-CUT/CN, com informações da Folha de São Paulo e da IstoÉ