O interior do Ceará está refém de quadrilhas compostas por assaltantes de banco. Somente neste ano foram três agências roubadas em menos de 15 dias. O fato é consequência da precariedade da segurança pública em cidades interioranas onde é pequeno o efetivo de policiais militares e inexistem unidades da Polícia Civil.

Dados da Coordenadoria de Inteligência (Coin) mostram que, entre 2000 e 2009, houve 140 roubos a banco no Ceará. O pico aconteceu em 2000: 39 ocorrências. Já em 2009 foram 12 registros – 10 somente no Interior.

O titular da Delegacia de Roubos e Furtos (DRF), Wilder Brito, aponta que os roubos migraram para o Interior. Ele lembra que a última ação em Fortaleza foi há um ano: Banco Rural, na Aldeota. Bandidos levaram R$ 74 mil e armas de vigilantes. “As quadrilhas buscam locais onde há maior facilidade, onde a repressão policial é menor e mais demorada“, comenta, sobre o Interior.

Os roubos este ano foram em Pedra Branca e Banabuiú, onde não há delegacia e são poucos policiais militares. Em Pedra Branca havia apenas três PMs. “Os batalhões (da PM) só existem em cidades grandes“, completa. A corporação tem batalhões em Russas, Sobral, Juazeiro do Norte, Canindé e Crateús. Em outros municípios o policiamento é em companhias, pelotões ou destacamentos, de efetivos inferiores.

O secretário da Segurança Pública, Roberto Monteiro, admite a falha. "Isso é verdade: o crime migra para onde tem mais facilidade", corrobora. Wilder lembra que a capacidade de reação da PM em Fortaleza reduz o interesse das quadrilhas, além da dificuldade de fuga por conta do trânsito. "E ainda tem o Ronda do Quarteirão, que é outro fator inibidor", cita.

Wilder enfatiza que o número de roubos poderia ser maior. "É grande a quantidade de roubos que a Polícia consegue frustrar. Os criminosos planejam a ação, mas acabam abortando (desistindo) ao notar que o plano já é do nosso (policiais) conhecimento e que a gente montou estratégias para evitar", diz.

A última ação abortada, segundo ele, foi em Senador Pompeu, este mês. Wilder diz que quando setores de inteligência da Segurança Pública tomam conhecimento sobre os planos, os bancos elevam o alerta de segurança e as polícias adotam medidas de prevenção. O delegado, no entanto, prefere não listá-las.

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O titular da Delegacia de Roubos e Furtos (DRF), delegado Wilder Brito, explica que em Fortaleza a reação da Polícia Militar a um assalto a banco é maior que no Interior. Ele usa como exemplos as presenças do grupamento Rondas de Ações Intensivas e Ostensivas (Raio), Comando Tático Motorizado (Cotam) e do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate), além do policiamento comum.

O secretário da Segurança Pública, Roberto Monteiro, adianta que deve enviar à Assembleia Legislativa, além da nova Lei de Organização Básica (LOB) da Polícia Militar, as mensagens sobre a criação da Academia Estadual de Segurança Pública (Aesp) e as alterações dos estatutos das polícias Civil e Militar e do Corpo de Bombeiros.

A Aesp unifica a formação de militares estaduais e, assim, torna-se necessário modificar estatutos. A formação, anteriormente, era feita por academias diferentes..

Também será encaminhada a nova lei do efetivo da PM, restabelecendo a necessidade de ter 17.551 homens. Hoje há cerca de 14,3 mil policiais.

A nova LOB também tem outros três itens principais: cria oficialmente a Polícia Rodoviária Estadual (PRE), em substituição à Companhia de Policiamento Rodoviário (CPRv); cria oficialmente o Batalhão de Polícia Comunitária e o Batalhão Patrimonial.

Fonte: O Povo Online – Fortaleza

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