A Link e o UBS não confirmam as conversas. O Valor apurou que as negociações são para uma aquisição da totalidade do capital da corretora. O preço ainda não estaria fechado, mas as informações no mercado são de que uma corretora deste porte seria avaliada entre R$ 150 milhões e R$ 200 milhões.
A compra da Link, se bem sucedida, seria a base para o relançamento das operações do UBS no país, que pretende obter nova licença de banco de investimento. Hoje, o UBS já tem um time baseado no Brasil. Ironicamente, alguns funcionários estão trabalhando em um escritório alugado no mesmo prédio do BTG Pactual, na avenida Faria Lima, em São Paulo.
Da Suíça, o UBS trouxe o brasileiro Carlos Colon, que vai cuidar da montagem do banco de investimento no Brasil. Para a área de gestão de fortunas, a responsável é Fernanda Pasquarelli, que já trabalhava no time do banco suíço antes da venda para Esteves. Procurado, o porta voz do UBS em Nova York, Douglas Morris, não quis comentar as informações.
O UBS não confirma, mas pessoas que participaram das negociações com Esteves no ano passado contam que os suíços se arrependeram da revenda do Pactual e tentaram reverter o negócio antes do fechamento.
A decisão de revender o Pactual, comprado em 2006 por US$ 3,1 bilhões, foi tomada em meio ao desespero da crise financeira que atingiu o UBS em cheio. Às voltas com prejuízos de quase US$ 2 bilhões no primeiro semestre do ano passado e após inúmeros socorros governamentais, Oswald Grübel, o CEO do banco que havia acabado de assumir precisava sinalizar aos acionistas uma mudança radical de estratégia. Mas o o UBS reavaliou a decisão à medida que os mercados se acalmaram e ficou claro que o Brasil iria sair bem da crise.
Todos os bancos de investimento passaram a ampliar suas atividades locais, enquanto o UBS dava adeus a uma das plataformas de negócios mais bem montadas entre os estrangeiros. O UBS Pactual era um dos líderes em emissões de ações e fusões e aquisições, as duas atividades mais rentáveis dos bancos de investimento.
A Link foi criada em 98, quando Mendonça de Barros era ministro, e em poucos meses conquistou um alto volume de negócios e passou a ocupar um lugar entre as maiores do país. A corretora, que se auto-denomina como a maior independente (de conglomerado financeiro) do país, é tida como uma das mais bem estruturadas do mercado, com uma área de análise de ações bastante respeitada e um home broker ativo. No ano passado, movimentou R$ 99,7 bilhões em ações (à vista e opções), 3,8% do total do mercado, ocupando a nona posição. Em derivativos, a Link é a primeira colocada.
Procurada, a Link informou que: "é procurada com frequência por corretoras e bancos de investimento internacionais que querem aproveitar o bom momento do mercado brasileiro e crescer suas atividades. Vale salientar o compromisso da empresa com suas atividades no Brasil e seus clientes".
O negócio de corretagem tem atraído inúmeros grupos internacionais, entre bancos, corretoras estrangeiras e fundos de private equity. O ambiente de juros baixos e crescimento do número de milionários no país tem tornado o negócio mais lucrativo.
Entre os grupos que hoje buscam uma corretora para comprar no Brasil estão o francês BNP Paribas, a portuguesa Caixa Geral de Depósitos e o sul-africano Standard Bank. Além da Link, que contratou o Lazard para assessorá-la na seleção de um comprador, também está à venda ou procurando um sócio a corretora do Banif, forte em home broker.
Fonte: Valor Econômico / Vanessa Adachi e Cristiane Perini Lucchesi, de São Paulo