Editorial do Trocando em Miúdos, edição 615 – A boa notícia é que chegamos ao final do ano de 2020. A notícia ruim é que continuamos em plena crise viral e sem perspectivas de sairmos do isolamento, ante a inoperância do (des)governo Bolsonaro e o afrouxamento dos protocolos de segurança durante a campanha eleitoral para prefeitos e vereadores, que elevou significativamente o número de contágios e de mortes pela Covid-19.

A boa notícia é que o mundo já começou a vacinar contra o coronavírus, enquanto nós sequer temos uma proposta concreta de compra de vacinas, seringas e agulhas. Portanto, é bom já ir se acostumando com a situação caótica na saúde, pois enquanto Bolsonaro fica bradando por aí que a pandemia está chegando ao fim, temos o dever de alertar a categoria bancária e toda a população que a pandemia do coronavírus (Covid-19) não acabou. Isto porque, com o afrouxamento das medidas de segurança, o número de casos voltou a subir vertiginosamente em todo o Brasil. Atualmente, o Brasil é o terceiro país com mais casos de covid-19 e o segundo em mortos pela doença.

No cenário mundial, a boa notícia é que Donald Trump perdeu as eleições presidenciais nos Estados Unidos da América, mesmo não se conformando com a derrota. A notícia ruim é que Joe Biden foi eleito para presidir os EUA. Não importa quem ganhou a eleição estadunidense, o que não irá mudar é a organização capitalista da economia do país. A grande maioria das empresas continuará a ser operada por uma pequena minoria que vai continuar usando suas posições no topo do sistema capitalista para expandir suas riquezas, economizar seus custos laborais e aprofundar as desigualdades de renda e riqueza dos Estados Unidos.

No Brasil, as eleições municipais deste ano nos trouxeram duas notícias boas: a derrota da maioria dos candidatos a prefeitos apoiados por Bolsonaro e a reeleição do nosso companheiro Marcos Henriques para dar continuidade à sua brilhante atuação na Casa de Napoleão Laureano.

No sistema financeiro nacional, a boa notícia é para os banqueiros, que continuam lucrando e muito. A péssima notícia é que, mesmo lucrando com crise ou sem crise, os  bancos continuam demitindo, inclusive na pandemia, mesmo tendo acordado que não dispensariam trabalhadoras e trabalhadores bancários durante a crise sanitária.

De forma desumana, Santander, Bradesco e Itaú demitiram grávidas, bancárias e bancários com doença ocupacional e até quem estava às vésperas da aposentadoria.

Nos bancos públicos, a boa notícia foi a caducidade da Medida Provisória (MP) 995, que permitia a privatização da Caixa a partir de suas subsidiárias, cujo prazo de vigência venceu no dia 4 de dezembro.

Outra boa notícia é a perspectiva da Caixa criar um banco digital para baixa renda, cuja ideia foi impulsionada pelo pagamento do auxílio emergencial.

A pandemia mostrou a importância dos serviços do banco público para a sociedade através do pagamento de benefícios assistenciais e o trabalho imprescindível dos empregados no atendimento à população. Contudo, ao invés de reconhecer o esforço dos que enfrentaram o risco de contágio na linha de frente do atendimento ao público, a direção da Caixa lançou um novo Plano de Demissão Voluntária (PDV), aumentando ainda mais a jornada exaustiva dos trabalhadores ativos, bem como o déficit de empregados na empresa, que já chega a 17 mil.

A mudança nas metas estabelecidas e inclusão de novas metas vêm surpreendendo os empregados da Caixa Econômica Federal, prejudicando a avaliação das unidades, equipes e os próprios trabalhadores, que estão adoecendo sob toda essa pressão.

O Banco do Brasil apresentou o terceiro maior lucro em nove meses e a Caixa de Previdência dos Funcionários (Previ) foi confirmada no último relatório da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc), entidade que regula o sistema de previdência complementar no Brasil, como o fundo de pensão que tem a melhor gestão pelo menor custo.

Chegou o Natal, a festa maior da cristandade, o nascimento do Menino Jesus. Este ano, por conta da pandemia da Covid-19, o descaso e o negacionismo do governo, não vamos ter festas, nem abraços. A boa notícia é que vamos fazer um Natal humilde, mais acolhedor, humano e reflexivo, bem mais próximo da realidade do aniversariante.