Juíza do TRT-4 (Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região) e presidente da AJD (Associação dos Juízes pela Democracia), Valdete Souto Severo tem sido voz incansável na denúncia do desmantelamento de direitos que atinge trabalhadores e trabalhadoras no Brasil.
Projeto que se intensifica desde o impeachment de Dilma Rousseff, e toma face especialmente cruel no Brasil de Jair Bolsonaro — governo que age no sentido de potencializar os horrores da pandemia, ao invés de detê-la, e assiste impassível enquanto a classe trabalhadora mergulha na fome e no adoecimento.
Adversidades e luta
Entre outras represálias, sua postura fez com que fosse alvo de pedido de providências pelo corregedor geral de Justiça, Humberto Martins. A alegação era de que o artigo “Por que é possível falar em política genocida no Brasil de 2020”, publicado no DMT (Democracia e Mundo do Trabalho em Debate), poderia caracterizar “infração aos deveres dos magistrados”.
Seja como for, o silêncio não é opção em tempos terríveis como o que vivemos — e a disposição, tanto da juíza quanto do próprio DMT, é de seguir usando sua voz para se erguer contra todas as ações que coloquem em risco a subsistência, a saúde e a vida de trabalhadores e trabalhadoras.
Situação dos sindicatos
Em conversa com o DMT, Valdete Souto Severo fala sobre o ataque sistemático contra a estrutura de proteção do trabalho no Brasil, expondo a relação desse desmanche com a fragilidade que vivemos nesses tempos de pandemia. Outros temas, como a situação dos sindicatos e a precarização disparada pelo uso indiscriminado das novas tecnologias no mundo do trabalho, igualmente surgem durante a conversa.
O Judiciário, em especial a Justiça do Trabalho, também é questionado em seus caminhos — uma trilha de afastamento das necessidades dos trabalhadores que, em última análise, pode levar todo esse ramo da Justiça à obsolescência e ao desaparecimento.
Fonte: Diap