Recentemente, um caixa eletrônico do Banco24Horas foi instalado na Cidade de Deus, no Rio de Janeiro. É o primeiro caixa do tipo no bairro, um dos mais pobres da cidade maravilhosa. Jardim Ângela, Itaquera, Campo Limpo, bairros da periferia de São Paulo, também ganharam caixas semelhantes, assim como cidades do Nordeste e da região Norte.

A TecBan, empresa que administra a rede 24Horas, planeja fechar 2009 com 7,2 mil terminais instalados, quase o triplo do que tinha há cinco anos. A rede traçou um plano para levar os terminais às periferias das grandes cidades e aos municípios de menor porte. "Vamos acompanhar o movimento de bancarização que tem ocorrido nas classes C, D e E", diz Enrique Recasens, diretor de produtos e soluções da TecBan. Por isso, a empresa tem se expandido mais em outras regiões do país.

No Norte, a rede cresceu 79% nos 12 meses encerrados em agosto; no Nordeste, foi 49%. Nos dois casos, as taxas ficaram bem acima da região Sudeste, com crescimento de 33%. De 200 municípios com caixas eletrônicos em 2006, passou para 400 agora.

A rede 24Horas é o principal negócio da TecBan. A empresa também faz gestão de redes para os bancos clientes e tem uma operação ainda pequena no setor de cartões.

Enrique Recasens diz que o cartão, dentro da empresa, é "um negócio de nicho e muito pequeno", que nasceu para atender uma necessidade específica de um cliente, para credenciar postos de combustíveis.

Recentemente, fontes do governo apontaram a TecBan como uma potencial competidora do mercado de credenciamento, capaz de concorrer com a Cielo (novo nome da VisaNet) e a Redecard. O executivo diz que isso não é o foco da empresa, que tem uma rede de apenas 9 mil estabelecimentos credenciados, bem abaixo do 1,2 milhão da Redecard e 1,6 milhão da Cielo. Ao mesmo tempo, não descarta que pode aumentar a atuação na área. "A empresa está preparada e capacitada, tecnologicamente, para atender a quaisquer novas demandas que se apresentem neste mercado."

A TecBan foi criada em 1982 pelos próprios bancos para oferecer serviços de autoatendimento aos correntistas. Hoje ela atende a 40 bancos, que vão desde os grandes, como Itaú Unibanco e Bradesco, até os menores, como BicBanco, Banif e Cruzeiro do Sul. Recasens diz que o movimento de consolidação no setor bancários levou a uma redução de bancos na rede. Itaú e Unibanco, por exemplo, eram ambos clientes. O mesmo vale para Banco Real e Santander. "Todos os bancos importantes do país são nossos clientes. O mercado não está se esvaziando. Está se concentrando." A TecBan, de capital fechado, não divulga dados de investimento e faturamento.

O concorrente mais próximo da rede 24Horas é a Rede VerdeAmera (RVA). A diferença é que a RVA foi criada a partir de uma iniciativa de bancos estaduais há 13 anos. Tem atualmente 11 bancos clientes, como Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Banrisul), BanPará, Banco do Nordeste e Santander. A empresa tem 5 mil terminais é administrados pela ATP Banking. No ano passado, a ATP resolveu lançar uma rede própria e também adotou o conceito de miniagência bancária, oferecendo vários tipos se transações nos terminais e até outros serviços, como vendas de passagens de ônibus.

Além de aumentar o número de terminais pelo país, a rede 24Horas vai se transformar em miniagências bancárias. A Tecban fechou acordo com os bancos para expandir os serviços nos caixas eletrônicos. Serão oferecidos mais de 40 opções de transações, como transferências de recursos, pagamentos de contas, contratação de empréstimos e financiamentos. "A tarifa por cada serviço é definida pelo banco." Atualmente, a rede oferece só saques e consultas a saldos e extratos. A projeção da empresa é que sejam feitas 410 milhões de transações esse ano, crescimento de 41% em relação a 2008.

Fonte: Valor Econômico / Altamiro Silva Júnior, de São Paulo

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