Atendendo aos pedidos do Governo Federal, o Banco do Nordeste do Brasil (BNB) reduziu ontem as taxas de juros para as operações de microcrédito e de empréstimos a empresas. "O Ministério da Fazenda entende que os bancos públicos podem sinalizar ao mercado financeiro a necessidade de redução dos juros", diz Roberto Schmit, presidente do BNB.

O maior corte ocorreu no Crediamigo, programa que concede pequenos créditos a empreendedores. A taxa de juros mensal passou de 1,95% para 1,32%, uma redução de cerca de 32%. Nas demais operações financeiras, a diminuição variou de um máximo 10,3%, para o crédito consignado, a um mínimo de 2%, para a linha de capital de giro empresarial.

De acordo com Smith, o Crediamigo foi o programa mais beneficiado por dois motivos. Um deles é o poder que ele tem de estimular a demanda, algo que o governo considera importante em um momento de redução do emprego e dos salários. "Pagando menos juros no microcrédito, vai sobrar dinheiro para as pessoas comprarem mais, estimulando a atividade. Esse é o objetivo do governo", afirmou ele.

Outra razão é o fato de o Crediamigo ser a operação que menos pode prejudicar os resultados da instituição. "O banco quer colaborar em um momento de crise, mas precisa também se preocupar com a manutenção do equilíbrio financeiro", disse o presidente da instituição. O Crediamigo tem também uma inadimplência baixa, em torno de 1%. Além disso, Schmit avalia que as demais taxas cobradas para as outras operações já estão abaixo das médias do mercado.

Mesmo com o microcrédito trazendo um impacto menor à última linha do balanço do banco, o BNB avalia que seu resultado líquido sofrerá uma deterioração neste ano com a redução das taxas de juros. Schmit estima, por exemplo, que a capacidade de geração de lucro do Crediamigo cairá pela metade, dos atuais R$ 17 por operação para cerca de R$ 8. Para buscar reduzir os efeitos negativos da política adotada, o BNB está cortando os custos.

Pelos cálculos do BNB, porém, uma menor cobrança de juros no microcrédito não fará a demanda por empréstimos subir. Segundo o presidente do banco, simulações feitas pela instituição mostraram que, para esse tipo de operação, a redução dos juros não faz as pessoas de baixa renda buscarem mais crédito.

Em 2008, dos R$ 13,2 bilhões que o banco concedeu nas mais variadas formas de empréstimo, R$ 1 bilhão saiu para 1 milhão de operações do Crediamigo. A maior parte dos recursos, ou R$ 7 bilhões, foram da liberação de recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste, cujas taxas são reguladas pela Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), fixada pelo Conselho Monetário Nacional.

Fonte: Valor Econômico