O mercado de recibos de depósitos a prazo (RDB) começou o mês de abril de forma animada. A medida do Conselho Monetário Nacional (CMN) de ampliar a cobertura para R$ 20 milhões atraiu investidores, que voltaram a comprar títulos de bancos médios. As taxas ainda estão dispersas, mas as instituições de porte um pouco maior tem conseguido emitir próximo de 105% do CDI, bem abaixo do pico da crise.

Segundo operadores do mercado, as taxas vistas nos dois primeiros dias do novo produto partiram de 105% do CDI até 120% do CDI, dependendo das condições de prazos e da própria estratégia e apetite dos bancos médios. Muitos procuram papéis acima de dois anos, mas com liquidez a partir do sexto mês.

As taxas já são inferiores aos patamares da crise e a expectativa das instituições financeiras é que podem recuar ainda mais. No auge da crise, os médios chegaram a emitir certificados de depósitos bancários (CDB), forma mais usada de captação a prazo, em níveis próximos a 130% do CDI – os grandes bancos continuam confortáveis, emitindo CDBs a taxas entre 100% e 102% do CDI.

Apesar de pagar taxas mais baixas para os investidores, o custo para o banco é maior do que isso, já que a instituição tem de pagar uma taxa para o Fundo Garantidor de Crédito (FGC) de 1% para ter o benefício da cobertura. Esse custo é assumido pelos próprios bancos.

De acordo com Otávio Vieira, diretor de investimentos da Safdié Private Banking, já há um movimento interessante de negócios, com uma demanda importante dos investidores. "Estamos motivando os clientes a investir parte da alocação nesse tipo de ativo".

Segundo ele, com a cobertura do FGC, o papel passa a ser visto como bem próximo de um risco soberano. O risco, considerado pequenos, está limitado à falta de liquidez do título nos primeiros seis meses, já que não pode ser resgatado, ou a uma eventual alta das taxas, que poderia acontecer no caso de um aprofundamento da crise.

Os fundos de pensão também já demonstraram interesse pelos papéis. O risco é considerado adequado, mas algumas fundações estão aguardando para avaliar se os preços serão atrativos. Com a queda da inflação, as metas das entidades estão em patamares ao redor de 10% para este ano. Com a previsão de a Selic fechar o ano na casa de um dígito, os papéis privados precisam pagar perto de 107% do CDI para igualar a necessidade atuarial. Alguns fundos também têm regras rígidas para esse tipo de investimento, com exigências mínimas de patrimônio e de comprometimento de capital.

Fonte: Valor Econômico / Fernando Travaglini