Só na agência do Banco do Brasil (BB) em Nova York os depósitos a vista de exportadores brasileiros saltaram de US$ 400 milhões em junho de 2008 para US$ 1,6 bilhão em janeiro e US$ 4 bilhões em junho passado. Foram abertas neste ano 150 novas contas, elevando o total para 400, informou o vice-presidente de negócios internacionais e atacado do Banco do Brasil, Allan Simões Toledo.

Nas agências do Itaú BBA em Nova York e Nassau, entre janeiro de 2008 e junho passado, subiu de 50 para 500 o número de contas de empresas brasileiras com faturamento acima de R$ 150 milhões por ano (exportadoras e offshore de companhias brasileiras). O volume depositado cresceu 150% em um ano, disse o diretor de produtos de cash management do banco, Mário Brugnetti, evitando dar mais detalhes.

Toledo afirmou que o BB já vinha esperando o aumento dos depósitos nas agências no exterior depois que as exportadoras foram autorizadas a deixar fora do país até 100% das receitas, em março de 2008. Mas, a crise internacional turbinou os números. "As empresas sacaram depósitos que estavam em bancos americanos e europeus porque não sabiam em quem confiar e foram para o BB em busca de segurança. Depois, descobriram que estávamos preparados para atendê-los e acabaram ficando", disse Toledo.

A valorização do real tornou o negócio ainda mais atraente.

As empresas, segundo Brugnetti, levaram algum tempo para desenvolver sistemas para operar o caixa no exterior. Os bancos ajudaram nisso com linhas de cash management internacional.

No caso do BB, isso inclui produtos de crédito, aplicação e facilidades no sistema de pagamentos. Segundo Simões, um dos serviços mais utilizados pelas empresas é o pagamento de contas. Tanto o sistema do BB quanto o do Itaú BBA permite que elas mandem do Brasil o arquivo discriminando os pagamentos a serem feitos. As ordens são executadas pelo banco no exterior e são acompanhadas pelo internet banking.

O BB destacou que opera diretamente com o Federal Reserve e a clearing CHIPS, que processa 95% dos pagamentos cross border e domésticos nos Estados Unidos, o que lhe dá mais flexibilidade operacional. O banco que não tem acesso direto à compensação tem que usar um intermediário, o que limita seus horários de operação.

Uma ideia do total de depósitos no exterior de exportadores pode ser obtida nas estatísticas do Banco Central (BC) de internalização de investimentos brasileiros de curto prazo, que foi de US$ 5,2 bilhões em junho, totalizando no semestre US$ 13,2 bilhões.

A Receita Federal é que acompanha a comprovação do ingresso da receita de exportação, cruzando dados com o Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex), e checa se os recursos tiveram as destinações permitidas (investimentos, aplicações financeiras ou pagamentos de obrigações do exportador).

As empresas devem enviar anualmente à Receita Federal a Declaração sobre a Utilização dos Recursos em Moeda Estrangeira Decorrentes do Recebimento de Exportações (Derex). Os bancos têm programas para isso.

Fonte: Valor Econômico / Maria Christina Carvalho, de São Paulo