A criação dos depósitos a prazo com garantia especial (DPGEs) salvou os bancos pequenos e médios do aperto de liquidez provocado pela crise internacional. Em três meses, 48 bancos captaram R$ 9,16 bilhões com emissões de DPGEs, segundo dados da Cetip.
Os DPGEs atraíram os investidores porque são garantidos até o limite de R$ 20 milhões – muito acima dos R$ 60 mil tradicionalmente cobertos – e pagam taxas superiores às dos certificados de depósito a prazo (CDB). Para terem os depósitos cobertos pelo seguro especial, os bancos recolhem o equivalente a 1% da captação ao Fundo Garantidor de Crédito (FGC).
Com os DPGEs, os bancos pequenos e médios também conseguiram alongar as captações. O prazo médio do novo título é de 744 dias. "O papel foi extremamente saudável para o mercado financeiro", disse o presidente do Banco Bonsucesso, Paulo Henrique Pentagna Guimarães.
O custo varia de 95% a 138% do certificado de depósito interbancário (CDI), informa a Cetip, e é considerado caro por alguns bancos. Mas, a tranquilidade trazida pelos DPGEs permitiu ao Banco Mercantil do Brasil (BMB) recomprar parte dos US$ 175 milhões em títulos que possui no exterior. "A dívida externa ficou relativamente mais cara", disse Cristiano Gomes, diretor-executivo financeiro do BMB.
Para o Banco Central, a ajuda do DPGE tem limites e é preciso encontrar um modelo de negócio definitivo que elimine as fragilidades do sistema. Quando criou o fundo especial, em março, o governo informou que ele pode garantir até R$ 40 milhões em depósitos, em tese. Mas há um teto individual. Os bancos não podem captar com o DPGE mais do que os saldos de depósito a prazo mantidos em 30 de junho de 2008. A partir dessa base, o FGC estima que um total de R$ 40 bilhões podem ser obtidos com DPGE.
Em tese, o governo federal poderia aumentar esses limites. O inconveniente é que, agindo dessa maneira, ele estaria estimulando o chamado risco moral – investidores colocariam dinheiro em excesso já que o FGC assumiria todos os riscos.
A boa notícia é que a existência do DPGE facilitou e barateou a venda dos CDBs tradicionais.
Fonte: Valor Econômico / Alex Ribeiro e Fernando Travaglini