Os bancos médios começam a recuperar terreno no mercado de crédito. Segundo dados do Banco Central, a variação acumulada do estoque de empréstimos pelos bancos de menor porte apresenta crescimento desde fevereiro, enquanto as instituições privadas de grande porte permanecem estagnadas.

Depois de apresentar recuou de 4,5% nas carteiras, entre setembro de 2008 e fevereiro de 2009, os bancos médios voltaram a conceder novas linhas e a variação acumulada desde o agravamento da crise até o fim de junho é negativa em 1,5%, aproximando-se do patamar pré-crise.

Já os bancos de grande porte estão praticamente no mesmo nível desde o início do ano, com leve queda de 0,2% no acumulado desde janeiro. Na contramão, os públicos apresentam uma expansão de 25,2% desde setembro, puxando o crescimento de todo sistema financeiro.

Essa retomada dos médios é consequência direta da volta da liquidez. Em pouco mais de quatro meses o total de recursos captados por esses bancos atingiu a marca de R$ 10 bilhões em depósitos a prazo com garantia especial (DPGE), o novo título criado em março e que tem a cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC).

Com recursos em caixa e a melhora da condição econômica, eles voltaram a oferecer novas linhas de crédito, especialmente para as pessoas físicas. Para empresas, as concessões ainda estão mais restritas. "A liquidez voltou e o DPGE teve influência positiva também na captação com Certificado de Depósito Bancário (CDB), contribuindo para o funding ficar mais barato", disse Renato Oliva, presidente da Associação Brasileira de Bancos (ABBC), que representa os pequenos e médios.

As instituições começam também a ganhar espaço para brigar por taxas mais baixas na emissão de títulos. "Os investidores ainda estão querendo levar vantagem em tudo. Querem segurança com preço de rentabilidade. A rentabilidade está no CDB. No DPGE, a segurança deles é melhor do que a segurança do melhor banco brasileiro", afirma Oliva, em referência à garantia do FGC para os papéis.

Além desse braço de ferro com o investidor, os médios também reclamam do custo da cobertura do FGC, que se mantém em 1% ao ano, apesar da queda da Selic. Em uma emissão de 110% do CDI, por exemplo, o banco teria de pagar cerca de 10% ao fundo garantidor, o que torna o DPGE mais caro do que um CDB tradicional.

Fonte: Valor Econômico / Fernando Travaglini, de São Paulo