A Caixa Econômica Federal voltará a priorizar empréstimos a micro, pequenas e médias empresas. De setembro para cá, o banco federal havia feito algumas operações de crédito de alto valor com grandes empresas, como a Petrobras, que, em virtude da crise financeira mundial, perderam o acesso a linhas de crédito internacionais.

"Esses empréstimos não foram feitos com prejuízo aos financiamentos às pequena e médias empresas, pois temos dinheiro para atender a todos", explicou ontem a presidenta da Caixa, Maria Fernanda Ramos Coelho, durante audiência conjunta da Comissão de Assuntos Econômicos e da Comissão de Acompanhamento da Crise Financeira do Senado. Ela foi cobrada por senadores porque a Caixa concedeu crédito a grandes e empresas. "Se tivéssemos qualquer problema de ‘funding’, nossa prioridade seria atender as pequenas e médias, que são o nosso foco."

Internamente, porém, a Caixa já tomou a decisão de voltar a focar no segmento de micro, pequenas e médias, que respondem por 95% dos seus clientes pessoas físicas e por 68% do crédito contratado com empresas.

Não significa que deixará de trabalhar com as grandes. Os casos serão analisados individualmente, mas a tendência é que nas operações de grande vulto as empresas sejam atendidas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ou pela linha de empréstimos em moeda estrangeira criada pelo Banco Central para ajudar as empresas a rolarem as suas dívidas externas.

O diagnóstico da Caixa é que, embora haja recursos disponíveis para empréstimos, no futuro o quadro poderá mudar. A proposta é, desde já, focar no segmento de pequenas e médias, que são as que mais sofrem com a restrição de crédito provocada pela crise financeira mundial.

Na mesma audiência do Senado, o presidente do Banco do Brasil, Antonio Francisco de Lima Neto, disse que deverá concluir os primeiros financiamentos com recursos da linha de empréstimo em moeda estrangeira com recursos da reservas internacionais criada pelo BC para ajudar as empresas a rolar suas dívidas externas. Pelo cronograma inicial divulgado pelo BC, o primeiro lote de liberação de empréstimos em moeda estrangeira deveria ter acontecido em fevereiro, mas até agora nenhuma operação foi concluída. Pelo cronograma, amanhã também está prevista a liberação de um lote.

Lima Neto explicou que as operações são bastante complexas, por isso demandam tempo para serem concluídas. Algumas empresas têm empréstimos de grande valor no exterior. Nesses casos, o risco pode se mostrar alto demais para ser assumido individualmente por um banco. A solução encontrada foi montar sindicatos de bancos, em que cada um assume parte dos valores e dos riscos da operação. "A expectativa é que até o fim dessa semana tenhamos a contratação de um montante importante de empréstimos", disse Lima Neto. Ele não soube dizer se haverá tempo de incluir essas operações no lote de liberação de recursos agendado pelo BC para amanhã.

Na avaliação do Lima Neto, é possível o BB atender ao mesmo tempo grandes empresas e as pequenas e médias. "Não acredito que, para atender a grande empresa, seja preciso deixar de atender as pequenas", afirmou. "Temos 28 milhões de clientes e nossa vocação é justamente atender as necessidades de cada um dos segmentos."

Fonte: Valor Econômico / Alex Ribeiro, de Brasília

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