Um dos bancos mais atingidos pela crise financeira nos Estados Unidos, o Citi deve colocar à venda no Brasil a participação de 17% que possui na Redecard, processadora de cartões de crédito e débito. O negócio pode render R$ 2,5 bilhões ao caixa do banco.
O Citi avalia as opções para se desfazer do ativo e pretende chegar a uma conclusão rapidamente. A Redecard é considerada um dos poucos negócios da filial brasileira cuja venda pode gerar valor para o banco e trazer alívio em meio às pesadas perdas com crédito. A companhia faz o credenciamento de estabelecimentos comerciais que aceitam os cartões Mastercard e Diners no país, além de processar os pagamentos e realizar a liquidação financeira.
Uma das saídas mais prováveis é uma oferta pública do bloco de ações, já que os papéis se recuperaram nos últimos meses em relação a sua pior cotação, de R$ 17,68, registrada em outubro do ano passado. Ontem, a ação subiu 1,55% e fechou a R$ 26,71, praticamente equiparando-se ao valor da abertura de capital, realizada em julho de 2007, quando os investidores pagaram R$ 27 por ação.
Uma oferta pública neste momento representaria um grande teste para o mercado de ações brasileiro, que está fechado para operações desse tipo desde junho do ano passado.
O valor de mercado da Redecard está em quase R$ 18 bilhões e a fatia do Citi vale R$ 3 bilhões. No caso de uma oferta pública, no entanto, o banco deve oferecer um desconto sobre a cotação em bolsa e, com isso, arrecadar menos.
O Valor apurou que uma parte desses 17% interessa ao Itaú, que já detém 46,4% do capital da Redecard. Se comprar algo próximo a 5% das ações, o Itaú pode consolidar sua posição de controle. Hoje, Itaú e Citi fazem parte do bloco de controle, que originalmente também incluía o Unibanco. O Itaú ficou com a participação do Unibanco. O Citi informou que não comentaria "rumores de mercado" e o Itaú não respondeu ao pedido de entrevista.
Além de colocar um bom dinheiro em caixa com a venda das ações, o Citi também teria um efeito positivo em seu balanço. Os papéis da Redecard estão registrados até hoje por seu valor patrimonial, que representa uma fração da cotação em bolsa. A sua venda, portanto, proporcionaria um grande lucro.
Fonte: Valor Econômico / Vanessa Adachi