
A análise da autoridade sai em meio ao movimento de redução das tarifas bancárias de serviços entre os grandes bancos. Ontem, o Itaú Unibanco cortou tarifas para pessoas física e jurídica, movimento deflagrado pelo Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal (CEF).
"Esse comportamento pode estar associado a estratégias dos emissores de aumentar a base de cartões associados a produtos com maiores tarifas de intercâmbio e de anuidade", avalia o Banco Central no relatório.
A tarifa de intercâmbio é uma parcela da taxa de desconto cobrada do lojista por transação de cartão que é transferida pelo credenciador para o banco emissor do cartão, para remunerá-lo por riscos e custos incorridos na operação. Essa parcela varia com o tipo de cartão utilizado, ou seja, compras com cartões "premium" têm uma tarifa de intercâmbio maior que compras com produtos básicos.
Ontem, durante evento sobre o mercado de cartões em São Paulo, Itaú e Bradesco defenderam o modelo de cobrança de tarifas e anuidades no cartão, argumentando que a oferta de pacotes é ampla e inclui valores diversos.
"As tarifas do cartão são a mesma coisa que comprar um carro. Você compra um mais básico, tem uma taxa, compra um Mercedes, tem outra", afirmou Marcelo Noronha, diretor de cartões do Bradesco. "As tarifas são pagas para remunerar um serviço prestado pelo banco", afirmou Fernando Teles, diretor de cartões do Itaú.
Menos cartões
A quantidade de cartões emitidos no Brasil apresentou leve queda em 2011, na comparação com 2010, revertendo uma tendência de crescimento verificada na última década, mostra o relatório do BC.
No fim do ano passado eram 169,1 milhões de cartões emitidos, queda de 2% em relação ao ano anterior. No critério de cartões ativos, aqueles que fizeram pelo menos uma transação em um ano, somavam 84,4 milhões no fim de 2011, recuo de 1%. Já a base de cartões de débito cresceu cerca de 13% nesse período.
"Parte dessa queda se deve a ajustes nas bases de cartões dos emissores, resultantes dos processos de consolidação das aquisições ocorridas recentemente no mercado bancário", avalia o BC.
Fonte: Felipe Marques – Valor Econômico