A garantia para aplicações de até R$ 20 milhões, medida adotada pelo governo para destravar a captação dos bancos pequenos, começou a surtir efeito, atraindo investidores para papéis dessas instituições.
Com a entrada em vigor da cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) para depósitos a prazo com garantia especial (DPGE), entre os dias 1º e 6 de abril os bancos de nicho já haviam levantado R$ 625 milhões. Os dados são da Cetip. As taxas de captação ainda são bastante díspares: há desde títulos que pagam 100% do Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI, o juro interbancário) até 130% do referencial, o que significa que o investidor pode encontrar condições atrativas de aplicação e com risco substancialmente menor.
A novidade é que já há até emissões atreladas ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o indicador usado como meta de inflação. Até agora, 16 instituições captaram sob a égide da garantia adicional. Foram emitidos 172 títulos com tíquete médio de R$ 3,5 milhões e prazo médio de 791 dias. "Foi como jogar água na areia. O mercado absorveu muito rapidamente", diz o diretor de relações com participantes da Cetip, Jorge Sant’Anna. Ele espera que o volume alcance o R$ 1 bilhão já nos próximos dias.
O resultado é ainda mais promissor levando-se em conta que as captações líquidas em certificados de depósitos bancários (CDB), até então concentradas nos grandes bancos, estão perdendo força. Em março, o segmento apresentou o primeiro saldo negativo desde dezembro de 2007, com os resgates superando as aplicações em R$ 2,8 bilhões. No ano, o acumulado ainda é positivo em R$ 6,8 bilhões, mas representa um recuo de 82,5% se comparado ao primeiro trimestre de 2008, quando os bancos levantaram R$ 38,8 bilhões em CDBs. A liberação de compulsórios, a retomada das captações no interbancário e a menor disposição dos grandes bancos para emprestar estão por trás da queda nas captações.
Desde a quebra do Lehman Brothers, em setembro, os bancos de menor porte viram sua captação cair drasticamente, num claro movimento de busca por segurança. Com isso, os bancos com patrimônio acima de R$ 7 bilhões passaram a responder por 70% do estoque de CDBs, ante 45% em janeiro de 2007.
Fonte: Valor Econômico / Adriana Cotias e Alessandra Bellotto