O governo vai autorizar os bancos a emitir um título semelhante às debêntures para aumentar as fontes de recursos de longo prazo para empréstimos. Hoje, só as empresas não financeiras podem emitir debêntures. O novo papel já vem sendo chamado de nota bancária de crédito. O objetivo é claro, segundo um executivo que participou das reuniões que discutiram o assunto: criar mecanismos de captação para atender a esperada explosão de crédito.

A nota bancária de crédito seria destinada a prover recursos para as operações de crédito de longo prazo. Pelas discussões, os papéis poderiam ter prazo de até cinco anos. Para executivos de bancos, as instituições de médio e pequeno portes, as mais carentes de funding, seriam as beneficiárias imediatas do novo instrumento. O interesse dos grandes bancos cresceria com o avanço do crédito.

Com o salto do crédito, de 25% do Produto Interno Bruto (PIB) para 45%, o prazo dos ativos (empréstimos) dos bancos se alongou mais rapidamente que o dos passivos (as fontes de recursos). Hoje, há grande descasamento entre as captações com liquidez diária, como os Certificados de Depósito Bancário (CDB), e os créditos mais longos, como financiamento de veículos.

Um dos bons atrativos para os grandes bancos é que essa debênture, por ser um título, estará isenta do recolhimento de depósito compulsório. Hoje, as instituições com patrimônio abaixo de R$ 7 bilhões estão livres desse recolhimento.

Os defensores da criação do título acreditam que, por causa da transparência maior da debênture, um novo tipo de investidor será fisgado: aquele que não quer comprar CDBs de mais longo prazo dos bancos pequenos e médios. Mas há banqueiros e investidores mais céticos. Eles creem que, mesmo com essas notas, os investidores não vão se interessar em alongar prazos para os bancos menores.

O novo título viria na hora certa. Adotada em meio à crise, a medida que estimulou os grandes bancos a usar o compulsório para emprestar a bancos com patrimônio de referência de até R$ 7 bilhões acaba no dia 30.

Fonte: Valor Econômico / Fernando Travaglini, Cristiane Lucchesi, Vanessa Adachi e Claudia Safatle, de São Paulo e Brasília

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