O presidente Luiz Inácio Lula da Silva avisou ontem aos presidentes das principais centrais sindicais que vai se reunir, amanhã, com os dirigentes de bancos públicos para discutir taxa Selic e o spread bancário, "os dois principais problemas do país", nas palavras de Lula, segundo relato dos sindicalistas. Participaram do encontro com o presidente os dirigentes das seis maiores centrais sindicais.

De acordo com participantes da reunião, Lula se disse decepcionado ao constatar, após retornar das férias, que os juros cobrados pelo Banco do Brasil estão entre os maiores do mercado. "Eu não posso adiantar para vocês o que será feito, para não haver interferência no funcionamento dos bancos. Mas algo precisa e vai ser feito", assegurou Lula, segundo relato do presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho.

Antes do início da reunião, os sindicalistas afirmaram que cobrariam do presidente a redução da taxa básica de juros (Selic), de impostos e do superávit primário e também a chegada do crédito às micro e pequenas empresas para evitar demissões.

Segundo os sindicalistas, Lula fez uma análise da crise, mostrando que os fundamentos da economia brasileira estão bons. "O problema é o crédito. A situação se agravou ainda mais quando empresas brasileiras, que pegavam dinheiro no exterior, se viram obrigados a fazer empréstimos com bancos nacionais, o que forçou o aumento do spread", teria dito Lula.

O governo também deve apresentar, na próxima semana, propostas de alteração nas regras do seguro-desemprego. As centrais querem que o benefício, que hoje é pago por um período de três a cinco meses, seja estendido. A Força Sindical, por exemplo, defende dez meses. Segundo os sindicalistas, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, prometeu novidades para a próxima semana, sem especificar quais.

A única decisão já tomada é de que não será possível retroagir a medida a dezembro, caso alguma mudança seja de fato implementada. Setores do governo defendem, segundo Paulinho, a vinculação do recebimento do benefício à qualificação do profissional.

Outro pedido dos sindicalistas que poderá ser analisado pela equipe econômica é a possibilidade de condicionar medidas de desoneração fiscal à garantia da manutenção dos empregos. O presidente da Força Sindical acusou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, de "fazer caridade com o chapéu alheio", ao conceder desonerações a setores que demitiram trabalhadores posteriormente.

Durante a reunião, Lula assegurou aos sindicalistas a manutenção do acordo para o reajuste do salário mínimo. A partir de 1º de fevereiro, ele valerá R$ 465, reajuste que representa 5,7% de ganho real (sobre a inflação).

Fonte: Valor Econômico / Paulo de Tarso Lyra e Arnaldo Galvão