O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu ontem, durante reunião com superintendentes nacionais e regionais do Banco do Brasil, a expansão da atuação do BB na América Latina, África e China. Segundo o vice-presidente de atacados e negócios internacionais, Allan Simões, o banco planeja transformar, ainda este ano, os três escritórios que funcionam no México, Venezuela e Uruguai em agências. Lula citou especificamente o caso uruguaio, onde o país já teve uma agência e hoje tem apenas um escritório.
Na visão do presidente, nos países com os quais o Brasil tem forte relação comercial, não há razão para o Banco do Brasil ter apenas um escritório. No caso da China e de Luanda, em Angola, a expansão não acontecerá este ano. Segundo Simões, o BB tem hoje 44 pontos de atendimento em 23 países, sendo seis escritórios (além do México, Venezuela, Uruguai, China e Angola, o banco tem um escritório em Washington).
Lula também defendeu a estratégia do BB e da Caixa Econômica Federal de compra de novos bancos ou aquisições de carteiras de créditos de instituições financeiras em dificuldades. Em relação especificamente ao BB, elogiou as compras do Banco do Piauí, de Santa Catarina e da Nossa Caixa.
O presidente disse que, se possível, este movimento deve continuar, como uma maneira de fortalecer os bancos públicos brasileiros. Lembrou que, em 2003, o Brasil tinha uma carteira de crédito de R$ 280 bilhões. Hoje, só o Banco do Brasil tem R$ 250 bilhões em crédito para emprestar. Somados, BB e CEF têm 40% do mercado de crédito brasileiro.
Lula ainda brincou com os participantes, afirmando que tem "pena do Obama (Barack Obama), que não tem um banco forte como o Banco do Brasil". Disse que participa de diversas reuniões internacionais, como G-4, G-8, G-20 e "não consegue identificar um presidente que tenha um banco público tão forte como o Banco do Brasil".
O presidente do BB, Aldemir Bendine, disse que em agosto será criado o fundo destinado a garantir operações de crédito a pequenas e microempresas. Inicialmente, o patrimônio desse fundo será de R$ 650 milhões, dos quais R$ 500 milhões provenientes do Tesouro e R$ 150 milhões, do Banco do Brasil.
"À medida que haja demanda, a gente vai ampliando esse fundo. O cliente, para poder ter acesso, paga uma taxa e existe toda uma regra para poder acessar esse fundo, não é a fundo perdido. Bendine acredita que este Fundo poderá ajudar na queda dos juros dos empréstimos feitos às pequenas e médias empresas. "Vai permitir que a gente trabalhe com expectativa de inadimplência muito menor, o que permitirá trabalharmos com taxas mais atrativas", disse Bendine.
Bendine disse que Lula demonstrou satisfação com a atuação dos bancos públicos neste momento, de destravar o crédito e levar confiança ao mercado. Em seu discurso, o presidente disse que "o Brasil tem síndrome de vira-lata" e aposta que o país será a 5ª economia do mundo em dez anos. É a segunda vez, em menos de uma semana que o presidente fala isto. Ele já havia dito isto durante reunião com a cúpula da GM na quarta, dia 15. "Sempre nos tratamos como se fôssemos seres inferiores, (há) mania de ser vira-lata. Tudo para nós era superior. Quem é que gosta de alguém que não se respeita? As pessoas gostam de quem tem orgulho das coisas."
Fonte: Valor Econômico