O mineiro Banco Mercantil do Brasil foi uma surpresa no leilão de ontem da folha do INSS ao arrematar cinco lotes dos ofertados. O Mercantil do Brasil levou os dois lotes de Minas Gerais, cobrindo a grande Belo Horizonte e interior, pelos quais pagou R$ 1,96 e R$ 1,90, respectivamente, por beneficiário. O banco também levou três lotes no Estado de São Paulo, pagando de R$ 1,62 a R$ 2,41. Uma ideia do valor total pago será conhecido à medida que os beneficiários dos lotes arrematados forem sendo repassados pelo INSS.

O vice-presidente do Mercantil do Brasil, André Brasil, afirmou que o interesse do banco no leilão é compatível com a sua estratégia de atuação. "Apesar de ser um banco de médio porte, o Mercantil do Brasil é um banco de rede, com 150 pontos. Essa rede tem um custo de manutenção alto o que nos leva a buscar oportunidades otimizar o seu uso. O banco é também um antigo prestador de serviços para o INSS e não poderia ficar de fora agora", disse Brasil.

O Mercantil do Brasil possui agências em todas as cidades incluídas nos lotes arrematados, informou o vice-presidente, e não serão necessários investimentos adicionais. Eventualmente, o banco pode não estar presente em alguma microrregião abrangida nos lotes de São Paulo. Se isso acontecer, o banco vai examinar a oportunidade de abertura de uma nova agência. Se não for esse o caso, as condições do leilão preveem que os beneficiários serão atendidos pelo segundo colocado, que foi o Bradesco nos lotes em questão.

Brasil afirmou que o leilão tem condições peculiares porque não permite a venda de produtos aos beneficiários que serão atendidos nem a cobrança de produtos. A única forma de o banco obter algum retorno do investimento feito será com a concessão de crédito consignado. "E essa é uma massa significativa de clientes do consignado", disse o executivo.

Para ele, o preço pago é compatível com essas condições e oportunidades de negócio oferecidas e não guarda qualquer comparação com os valores que chegaram a ser pagos nos leilões de folha de pagamento de servidores públicos da ativa no passado.

O Mercantil do Brasil está com o caixa cheio. Em novembro, obteve R$ 300 milhões pela venda da Minas Brasil à Zurich. Acaba de comprar antecipadamente em dinheiro US$ 17,324 milhões em seus próprios títulos da dívida externa. Na próxima semana o banco divulga o balanço do primeiro semestre. No primeiro trimestre, lucrou R$ 6,3 milhões. Os ativos totais do banco somavam R$ 7 bilhões e a carteira de crédito, R$ 3,9 bilhões.

Fonte: Valor Econômico / Maria Christina Carvalho, de São Paulo