O Bradesco foi o banco que mais levou lotes no leilão da folha de pagamentos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), com vitória em 8 das 26 regiões em disputa. Mas o Mercantil do Brasil, além de ter levado mais lotes nas áreas de rendimento médio mais alto do país, fica na frente se o critério for número de pagamentos, com uma estimativa de 108 mil aposentadorias, pensões e outros benefícios concedidos por mês. Ontem, o INSS concluiu o leilão que escolheu quem vai administrar, por 20 anos, os pagamentos de benefícios previdenciários que serão concedidos nos próximos cinco anos.

Os bancos federais, principalmente a Caixa Econômica Federal, conseguiu vencer mais lotes no leilão. Dos oito lotes ofertados, os bancos federais ficaram com quatro, e os privados, com quatro. Anteontem, primeiro dia do leilão, bancos privados arremataram 15 dos 18 lotes ofertados; um banco estadual, o Banrisul, levou 2 lotes; e a Caixa ficou com apenas um dos lotes, o 18º a ser ofertado no dia.

O Bradesco é o vencedor pelo critério número de lotes, mas, de forma geral, levou regiões em áreas com renda média mais baixa. Apenas um dos lotes, no município de São Paulo, fica na região Sudeste. O Bradesco arrematou outros quatro lotes no Nordeste, dois no Norte e um no Centro-Oeste. Em média, são concedidos cerca de 92 mil benefícios por mês nessas regiões.

O Mercantil do Brasil arrematou cinco lotes, mas em regiões mais ricas do país. Três lotes estão no interior de São Paulo e dois lotes estão em Minas Gerais. Em tese, o pagamento de benefícios médios mais altos permite aos bancos lucrarem mais com a oferta de produtos e serviços para os clientes. O Mercantil também levou o maior número de benefícios concedidos por mês, com 108 mil.

A Caixa venceu a disputa por quatro lotes ofertados pelo INSS, com uma média de 43 mil benefícios concedidos por mês. Dessas áreas, duas estão no Nordeste, uma no Sul e outra no Sudeste. A Caixa travou uma disputa acirrada com o Banco do Brasil pelo lote número 20, que inclui os benefícios concedidos na gerência executiva do INSS localizado em Vitória.

O Santander ganhou a disputa por três lotes, incluindo o Rio de Janeiro. O Itaú foi o vencedor também em três lotes, entre eles o Paraná, no qual fez a oferta mais alta do leilão, com pagamento de R$ 2,70 por aposentado. "Nós fomos em todos os lotes, mas sem muito apetite", disse Gilberto Mirabelli Júnior, gerente de Informação do Itaú, ao explicar por que o banco só arrematou três dos 26 lotes do leilão. No lote mais caro, aceitou pagar 24,5 vezes acima do valor mínimo ofertado pelo Bradesco, a R$ 0,11, por benefícios previdenciários da região Norte.

O foco do Itaú foi a capital Curitiba e as quatro maiores cidades paranaenses (Maringá, Londrina, Ponta Grossa e Cascavel), no lote 17, pelo qual brigou centavo por centavo com o BB. O banco público chegou a oferecer R$ 2,69 por benefício pago.

Segundo Mirabelli, o Itaú Unibanco, atual dono do Banestado, que pertenceu ao governo paranaense, vê "as agências quase ociosas", porque o BB comprou a administração das folhas e pagamento estadual e dos municípios. "A rede do Banestado é boa, e agora vamos para essa nova disputa" dos aposentados do INSS, disse Mirabelli. Segundo ele, o negócio "abre uma carteira potencial de clientes, com a chance de que cada futuro beneficiário abra uma conta corrente".

Entre os grandes bancos, o que menos levou lotes foi o BB, com vitória apenas no Rio Grande do Norte. Fontes da instituição explicaram que, hoje, o banco já é o maior pagador de benefícios do INSS, por isso seu apetite por ampliar a base de clientes nesse segmento foi menor. O banco conta também com a possibilidade de atrair clientes, que podem transferir valores por meio de DOCs. Além disso, o BB foi o segundo colocado em oito lotes. As regras do leilão permitem que, quando o vencedor não tiver agências para atender essas regiões, o segundo colocado irá prestar o serviço.

Até fins de 2007, o INSS pagava cerca de R$ 250 milhões aos bancos para eles processarem a folha de pagamento, que contém 26,6 milhões de benefícios. Um acordo, com vigência até o fim do ano, suspendeu os pagamentos. Os preços acertados no leilão servirão de referência para estabelecer a remuneração do atual estoque de beneficiários do INSS.

Fonte: Valor Econômico / Alex Ribeiro, de Brasília, com colaboração de Azelma Rodrigues, do Valor Online