Depois de se arrastar na Justiça por 20 anos, a disputa entre Cleide Aguiar, viúva do fundador do Bradesco, Amador Aguiar, e os netos do banqueiro chegou ao fim. Por cinco votos a zero, a Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) considerou legal o testamento em que Aguiar deixou uma fortuna de aproximadamente R$ 150 milhões para a mulher. O valor corresponde a apenas uma parcela do patrimônio acumulado por Aguiar. Há 20 anos, o espólio total estava avaliado em US$ 860 milhões.
 

– Essa decisão tem um valor muito mais afetivo que econômico. É até uma questão de honra. Ao longo do processo nos netos sugeriram que ela tinha feito uma grande armação e não foi assim – afirmou Luiz Fernando Fraga, um dos advogados de Cleide.

Dona Cleide, como ela é conhecida, está hoje com 70 anos. Pouco antes de morrer, aos 86 anos, Aguiar escreveu um segundo testamento deixando parte da fortuna para ela, sua segunda mulher.

Antes, o banqueiro já tinha repartido boa parte do patrimônio com as três filhas e os 11 netos. Mas, depois da morte de Aguiar, os netos entraram na Justiça com uma ação para anular o segundo testamento.

Netos de banqueiro alegaram erros jurídicos

Para os netos, quando preparou o segundo testamento, o avô já não tinha discernimento das próprias decisões. Alegaram também que o testamento continha erros jurídicos. O caso começou a tramitar na primeira instância da Justiça em São Paulo, foi para o Tribunal de Justiça e, depois, para o STJ, em Brasília.

Os advogados dos netos ainda podem entrar com recurso para atrasar as providências, mas não mais para modificar o conteúdo da decisão da Terceira Turma.

Fonte: O Globo / Jailton de Carvalho