Crédito: Jailton Garcia
Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT, na abertura do 23º Congresso dos Funcionários do BB
Rede de Comunicação dos Bancários (*)
1. Emprego – "Precisamos acabar com a rotatividade no sistema financeiro, que é uma forma de reduzir salários e aumentar a concentração de renda, e exigir mais contratações".
2. Remuneração – "Queremos transformar o crescimento econômico do país em desenvolvimento, com valorização dos salários e desconcentração da renda".
3. Saúde, condições de trabalho e segurança bancária – "Os bancários estão sendo massacrados com as metas abusivas e o assédio moral. Precisamos acabar com isso, assim como com os assaltos na saidinha de banco, que causaram 49 mortes no ano passado".
4. Brasil precisa de outro sistema financeiro – "Apesar de, pela primeira vez, o governo federal está comprando a briga para os bancos baixarem os juros, os banqueiros resistem. Não reduzem os juros e ainda aumentam as tarifas. O governo precisa convocar uma Conferência Nacional do Sistema Financeiro, onde a sociedade possa discutir e decidir qual o banco que queremos".
‘Conquistas vêm com unidade’
Carlos Cordeiro também defendeu na abertura do 23º Congresso dos Funcionários do BB a união de todas as forças na campanha nacional deste ano. "Quanto maior for o nosso grau de unidade, maiores serão nossas conquistas", afirmou o presidente da Contraf-CUT, fazendo uma saudação especial ao representante da CSP- Conlutas na mesa, Dirceu Travasso (o Didi), e convidando a corrente a participar da 13ª Conferência Nacional dos Bancários, que será realizada em Curitiba de 20 a 22 de julho.
Em seu pronunciamento, Didi fez uma avaliação da crise econômica mundial ("é um erro achar que o Brasil está livre dessa crise") e disse que um dos elementos centrais do que está acontecendo nos países atingidos refere-se à democracia e à busca de novas formas de organização. "É preciso incentivar a participação das bases e respeitar as diferenças", defendeu.
Silmara Pereira, representante da Intersindical na mesa e da Fetec Santa Catarina na Comissão de Empresa dos Funcionários do BB, propôs a "busca do consenso fazendo debates" e disse acreditar que "existe política além das correntes, que é importante para conquistar avanços".
Unir as categorias
Representando a Central Única dos Trabalhadores (CUT), Jacy Afonso, atual secretário nacional de Organização da central, disse que é preciso uma ação conjunta de todas as categorias para avançar nos acordos coletivos de trabalho. "Os bancários, os petroleiros, os metalúrgicos e os servidores públicos precisam caminhar juntos".
Jacy citou dados de uma pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), segundo a qual o número de greves durante os oito anos do governo Lula foi o dobro das paralisações ocorridas nos dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso. "Conquistamos aumento real de salário nos dois mandatos do governo Lula, enquanto que FHC adotava a famigerada prática do abono salarial", lembrou.
BB Público de Verdade
A presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região, Juvandia Moreira, parabenizou o tema do 23º Congresso Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil (BB Público de Verdade), ressaltando o momento oportuno para questionar o papel do sistema financeiro.
"Temos atualmente nos bancos públicos a pressão, assédio moral e sobrecarga de trabalho semelhante ao que é presenciado nos bancos privados. É nosso dever também forçar os bancos privados a cumprirem seu papel e a prova de que estamos em sintonia com o momento atual em que a própria sociedade discute e questiona o papel do sistema financeiro é a escolha do tema do Congresso para fomentar os debates", afirmou Juvandia.
A presidenta ainda lembrou que os bancos aumentaram em 41% os juros entre maio de 2011 e maio de 2012 e ampliaram seus lucros em 16% em relação ao ano anterior.
"Para os trabalhadores só cresce a sobrecarga de trabalho. Os bancos aumentam seus provisionamentos para camuflar os lucros e reduzir a Participação nos Lucros e Resultados dos bancários. Neste Congresso temos a oportunidade de fazer o debate sobre o sistema financeiro que queremos e para isso precisamos continuar a luta e fortalecer a unidade para transformar nosso local de trabalho e a sociedade", concluiu Juvandia.
Enfrentamento e disputa
O presidente do Sindicato do Ceará, Carlos Eduardo Bezerra, representante da corrente Articulação Sindical, destacou que o atual momento é de enfrentamento e disputa. "Esse modelo que aprofunda as desigualdades precisa ser substituído por um que distribua renda".
Ao destacar a importância da unidade da categoria, Carlos Eduardo lembrou que os sindicatos estão realizando consultas para identificar as demandas do funcionalismo. "Essas informações apontarão a unidade bancária", acrescentou. Ele defendeu a redução do spread bancário e dos juros. Ao final, o dirigente sindical conclamou os trabalhadores a participarem ativamente da Campanha Nacional deste ano. "Vamos à luta".
Representante do Fórum do Interior e da Feeb RJ/ES na Comissão de Empresa, Sérgio Farias saudou todos os participantes do 23º Congresso e pediu que o debate de ideias seja feito de forma franca, honesta e livre. "Estamos todos aqui reunidos em nome da liberdade", afirmou.
Citando a atual crise financeira internacional e a reação hostil da Febraban para o pedido do governo federal de redução dos juros, José Souza de Jesus, representante da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), citou trecho da música Babylon, do cantor e compositor Zeca Baleiro: "Nada vem de graça. Nem o pão, nem a cachaça".
Discutir com a sociedade
Ronaldo Zeni, representante da Fetrafi-RS na Comissão de Empresa e da corrente CSD (CUT Socialista e Democrática) ressaltou que o debate estratégico que deve ser feito no Congresso deve levar em conta o modo como podemos influenciar a sociedade.
Segundo o sindicalista, apesar do enfrentamento do governo contra os bancos pela redução dos juros, o que se observa na prática é que não ocorre nenhuma queda dos juros. "Só vamos mudar o sistema financeiro quando tivermos um Banco do Brasil voltado para o desenvolvimento social e não para a venda de produtos e a exploração aos trabalhadores, como acontece atualmente", afirmou.
Para ele, o BB de verdade é aquele que põe fim ao assédio moral e traz desenvolvimento e lucro à sociedade. "Para que isso aconteça precisamos buscar a unidade para discutirmos todas as questões juntos e aglutinar os consensos entre os trabalhadores", conclui.
Para Jeferson Boava, presidente do Sindicato de Campinas, representante da Feeb São Paulo/Mato Grosso do Sul na Comissão de Empresa e da corrente Unidade Sindical, "é preciso focar e reunir as propostas que nos fortalecem na luta para que façamos a unidade dos funcionários do BB e transformemos as discussões numa grande campanha que nos tornem mais fortes e vitoriosos".
O diretor do Sindicato dos Bancários de Guarulhos, João Cardoso, anfitrião do Congresso do BB, saudou a todos os presentes "para que tenham um excelente evento na cidade" e ressaltou que está convicto da luta que deve ser realizada pelos funcionários do Banco do Brasil para levar as melhores propostas para a mesa de negociação com os banqueiros. "Precisamos da solidariedade para construir pautas positivas e para isso precisamos sair unidos para o enfrentamento ao capital e aos bancos", afirmou João Cardoso.
Estiveram ainda presentes à abertura do 23º Congresso dirigentes da Cassi (a diretora eleita de Planos de Saúde Mirian Fochi e o conselheiro deliberativo eleito Milton dos Santos Rezende), da Previ (o diretor de Seguridade eleito Marcel Barros e o conselheiro deliberativo eleito Rafael Zanon), da Anabb (o presidente do Conselho Deliberativo João Botelho e os vice-presidentes Fernando Amaral e Tereza Godoy), e da Apabb (Roberto Tiné e Silvani Pinheiro Varjão).
Análise de conjuntura e reuniões de grupos
O 23º Congresso prossegue neste sábado 16 com uma análise de conjuntura a ser feita pelo Dieese, na parte da manhã, e reuniões de grupos à tarde sobre os seguintes temas:
1 – Remuneração e condições de trabalho;
2 – Saúde e Previdência;
3 – Organização do movimento;
4 – Banco do Brasil e o SFN.
A Comissão de Empresa dos Funcionários do BB, que assessora a Contraf-CUT nas negociações com o banco, sistematizou as propostas aprovadas nos eventos preparatórios, a fim de identificar e organizar os consensos e as polêmicas. Também foram analisadas as sete teses inscritas, verificando igualmente os pontos convergentes e os divergentes, a fim de facilitar os debates.
O Congresso termina no domingo com a plenária final.
(*) José Luiz Frare, Júnior Barreto e Rodrigo Couto