Crédito: Seeb São Paulo
Seeb São Paulo O 2º Abraço Solidário às Mulheres Vítimas de Violência Doméstica foi realizado na última sexta-feira (3), diante do Tribunal de Justiça de São Paulo, na Praça da Sé. Foi uma forma simbólica de cobrar do poder público a criação de juizados especializados em violência doméstica e maior rigor na aplicação da Lei Maria da Penha, que completa seis anos nesta terça-feira (7).

O evento contou com a participação da secretária de Mulheres da Contraf-CUT, Deise Recoaro, da diretora executiva da Contraf-CUT, Elaine Cutis, do coletivo de gênero do Sindicato dos Bancários de São Paulo e da rede de mulheres UNI Brasil, da qual o Sindicato também faz parte.

Durante a manifestação, mulheres contaram suas experiências, entoaram palavras de ordem e ergueram faixas e cartazes com os nomes das vítimas. Segundo dados do Mapa da Violência 2012, somente no Brasil, mais de 91 mil mulheres foram assassinadas vítimas de violência doméstica nos últimos trinta anos.

De acordo com Amelinha Teles, coordenadora do 2º Abraço Solidário, a causa da violência contra as mulheres é fruto da formação machista e patriarcal da sociedade. "Ainda é presente a ideia de que o homem é proprietário da mulher e que tem o direito sobre a vida e a morte dela. Isso precisa acabar de uma vez por todas", defende.

Para Sônia Auxiliadora, secretária da mulher trabalhadora da CUT/SP, uma das organizadoras da manifestação, as agressões não se limitam aos estudos estatísticos e às páginas policiais da mídia. "A violência invade outros espaços e, sem armas na mão, pode até passar despercebida nas cenas de novelas, nas peças de propaganda e outras mídias que mantêm no imaginário popular a formação machista e a ideia de que a mulher pode ser sumariamente desrespeitada."

Histórico

A Lei Maria da Penha foi promulgada há seis anos, no dia 7 de agosto de 2006, durante o governo Lula, em homenagem à Maria da Penha, que teve sua vida quase eliminada pelo ex-marido, sem que tivesse a quem recorrer.

Segundo Neiva Maria, diretora executiva do Sindicato e membro do coletivo de gênero, a lei ajudou a ratificar o compromisso firmado pelo Brasil através da Convenção de Belém do Pará, para prevenir, punir e erradicar a violência contra a mulher.

"O Estado, até então, agia pela lógica da naturalização da violência contra a mulher, fruto da formação de uma sociedade machista. Ao promulgar a Lei Maria da Penha, o Estado brasileiro deu um passo fundamental no reconhecimento da existência da violência contra as mulheres, não tratando mais isso como normal ou problema de família, mas sim como uma questão de direito, de justiça e de reconhecimento do papel da mulher em nossa sociedade", explica.

Para ela, é fundamental o Sindicato intervir em temas relacionados à mulher que transcendem o mundo do trabalho. "Sabemos que a mulher ainda sofre muito para conquistar autonomia e remuneração justa no mercado, pois ainda ganha cerca de 30% a menos que o homem, mesmo ocupando o mesmo cargo. Mas sabemos também que a luta da mulher no mercado de trabalho para superar esta realidade está relacionada com as lutas das mulheres na sociedade como um todo, e a questão da violência é um tema fundamental".

Fonte: Contraf-CUT com Seeb São Paulo

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