A rede de supermercados BH, com 110 unidades em cidades de Minas Gerais, decidiu retirar 97 caixas eletrônicos existentes nos seus estabelecimentos por conta de dois ataques com uso de dinamite aos equipamentos e, posteriormente, a negativa dos bancos e empresas donas dos caixas em ressarcir os prejuízos. 

Outra proposta que teria sido recusada pelos bancos, de acordo com a gerência da rede, foi a de as instituições bancárias pagarem aluguel à empresa que, por sua vez, manteria vigias noturnos nos supermercados que contassem com os caixas eletrônicos.

De acordo com a gerente administrativa da rede, Sheila Lima, os ataques contra os equipamentos ocorreram neste ano em supermercados da cidade de Pirapora, norte do Estado, e em um localizado em bairro da região da Pampulha, na capital mineira.

"Nós retiramos todos os equipamentos por conta dos ataques e pela recusa de um dos bancos, dono do equipamento, em ressarcir o prejuízo material que tivemos no supermercado de Belo Horizonte, depois da explosão, que ficou em R$ 28 mil", informou a gerente.

Ainda segundo ela, depois dos dois incidentes, uma reunião que contou com a presença de representantes dos bancos que tinham equipamentos nas unidades da rede resultou em desacordo para a proposta de contratação de vigias. Conforme a gerente, a rede até então não cobrava pelo uso do espaço pelos bancos nos estabelecimentos.

"Quando aconteceu a segunda explosão, eu chamei todos os bancos e uma empresa responsável pelos caixas eletrônicos 24 horas, mas eles não concordaram com o pagamento de aluguéis para a contratação dos vigias", explicou.

Ainda conforme ela, durante a reunião, uma alegação dada pelos representantes das instituições bancárias foi que a parceria seria benéfica para a rede. As pessoas poderiam pagar as comprar com dinheiro sacado nas máquinas instaladas no interior das lojas.

"Esse argumento não é válido porque a maioria dos nossos clientes paga as compras com cartões de débito e crédito. Nós tínhamos as máquinas porque queríamos dar mais comodidade aos nossos clientes, não visávamos lucro com isso", afirmou.

Contudo, a gerente afirmou que se os bancos concordarem em pagar os aluguéis, a empresa se dispõe a ceder novamente o espaço para os caixas eletrônicos.

Cliente reclamou

A gerente afirmou que a atitude da rede foi criticada por alguns clientes que tinham o costume de fazerem saques nas máquinas. Conforme ela, a empresa recebeu e-mails contendo reclamações da retirada dos caixas eletrônicos.

"A todo instante chegam e-mails aqui com solicitação de retorno dos caixas. Alguns clientes entendem que a culpa seja do supermercado, o que não é verdade. Se os bancos não arcarem com os aluguéis, infelizmente o retorno não será possível", afirmou.

Para o publicitário Rafael Castro, 33, morador do bairro Bethânia, região oeste da capital mineira, a retirada dos equipamentos representa mais um transtorno no seu cotidiano.

"Perto da minha casa não tem caixa eletrônico do banco onde tenho conta. Mas tem uma unidade do supermercado em questão. Se o caixa estivesse funcionando, eu não teria que me deslocar por mais de dois quilômetros para fazer saques", explicou.

Ataques no Estado

De acordo com levantamento feito pela Polícia Civil mineira, no primeiro trimestre de 2012 foram registrados 73 ataques com uso de explosivos ou maçaricos a caixas eletrônicos no Estado, contra 34 no mesmo período do ano passado.

De acordo com o delegado Marcio Nabak, do Departamento de Operações Especiais de Minas Gerais (Deoesp-MG), a corporação investiga os casos para tentar identificar as quadrilhas e não descarta a prática de contrabando de explosivos destinados aos ataques.

"Tudo é possível. Eu penso que são vários grupos atuando de maneira independente e que, na sua maioria, são de fora do Estado de Minas Gerais. Acredito que sejam oriundos principalmente do Estado de São Paulo", afirmou.

Segundo o policial, a corporação está em entendimento com o Exército, responsável pelo controle de explosivos utilizados pelas empresas cadastradas, para tentar fechar o cerco aos fornecedores. Segundo ele, a apreensão de bananas de dinamite extraviadas, por exemplo, seria um passo para avançar nas investigações.

"Elas têm um número de identificação. Dá para saber, através do Exército, a quem o lote seria destinado. Essa aproximação com o Exército e a Polícia Federal (PF) é muito importante", disse.

Fonte: UOL, em Belo Horizonte