No ano passado, graças principalmente ao boom de crédito pessoal e à valorização dos títulos públicos, os bancos da Argentina alcançaram o maior lucro da década.

Foram 11,7 bilhões de pesos (aproximadamente US$ 2,9 bilhões), que finalmente zeraram o prejuízo acumulado de 25 bilhões de pesos no período entre 2001 e 2004, quando as instituições bancárias passaram pelo "corralito", pela moratória da dívida, pela maxidesvalorização do peso e pela fuga de dólares dos argentinos em busca de ativos considerados estáveis em outros países ou no mundo offshore.

Com um total de 81 atores, o sistema bancário argentino "ainda tem muito espaço para a concentração", avalia o economista Miguel Kiguel, diretor da consultoria EconViews.

"Mas é bom lembrar que o faturamento do setor bancário inteiro na Argentina corresponde apenas ao do Itaú no Brasil, por exemplo", afirma ele.

Kiguel ressalta que, em termos de solvência e liquidez, o sistema oferece hoje poucos riscos. Isso apesar do aumento na rentabilidade. Os retornos sobre os ativos (2,8%) e sobre o patrimônio líquido (24,3%) foram também os maiores da década.

Além do líder Banco de la Nación, o sistema financeiro argentino tem outros grandes estatais, como o Provincia (da Província de Buenos Aires) e o Ciudad (controlado pelo governo da capital, de oposição).

O próprio Banco Patagônia – que há 11 meses foi comprado pelo Banco do Brasil- cresceu quando, no processo de desestatização de bancos provinciais, comprou a entidade pertencente à Província de Río Negro. O Patagônia atua até hoje como seu agente financeiro, respondendo por toda a folha de pagamento, entre outros serviços.

O Itaú, que reforçou sua presença no país com a aquisição do Buen Ayre nos anos 90, é um exemplo frequentemente apontado de banco estrangeiro que não levou adiante a promessa inicial de expansão.

Hoje a instituição financeira ocupa um discreto 17° lugar no ranking de ativos do sistema, com 5,6 bilhões de pesos (cerca de US$ 1,4 bilhão), e conviveu no ano passado com boatos sobre uma eventual aquisição do Banco Galicia, hoje o terceiro maior privado e a empresa mais rentável de 2010 entre as cotadas no índice Merval.

Mas o mercado está crescendo para todos. Só em 2010 houve a abertura de um milhão de cadernetas de poupança e a emissão de um milhão de novos cartões de crédito, cujas operações chegaram a aumentar ao ritmo de quase 60% em dezembro.

O crédito ao setor privado como um todo teve alta de 30% em 2010, mas continua sendo relativamente limitado. A taxa atual é de 13% do Produto Interno Bruto, segundo Kiguel, cerca de um quarto da proporção brasileira e ínfima se comparada com o Chile. "O que deu bastante dinheiro aos bancos no ano passado foi a aposta nos títulos públicos", diz o analista.

A reestruturação da dívida do governo que ainda estava em moratória – totais não incluídos na renegociação de 2005 – levou a uma forte alta dos papéis, que chegaram a ganhar 30% em dólares. O risco-país caiu a menos de 500 pontos, patamar que não era visto desde 2008, antes de a Casa Rosada e os ruralistas terem se enfrentado na "crise do campo".

Para o economista Ricardo Delgado, da consultoria Analytica, a Argentina já deu mostras suficientes de que não tem planos voltar à moratória. Quando surgiram dúvidas sobre a capacidade de rolar a dívida externa, por causa da recessão global, Delgado lembra que o governo tomou decisões como estatizar as administradoras de fundos de pensão e apropriar-se das reservas internacionais do Banco Central.

Ambas as medidas criaram ruídos políticos, acredita Delgado, mas foram importantes no propósito de convencer o mercado sobre a disposição da Casa Rosada em pagar suas dívidas. Daí o resultado espetacular de 2010. Mas a tendência é que neste ano a rentabilidade do sistema bancário sobre seus ativos continue acima de 2%, o que é considerado alto pelo mercado.

Fonte: Valor Econômico / Daniel Rittner

Foram 11,7 bilhões de pesos (aproximadamente US$ 2,9 bilhões), que finalmente zeraram o prejuízo acumulado de 25 bilhões de pesos no período entre 2001 e 2004, quando as instituições bancárias passaram pelo "corralito", pela moratória da dívida, pela maxidesvalorização do peso e pela fuga de dólares dos argentinos em busca de ativos considerados estáveis em outros países ou no mundo offshore.

Com um total de 81 atores, o sistema bancário argentino "ainda tem muito espaço para a concentração", avalia o economista Miguel Kiguel, diretor da consultoria EconViews.

"Mas é bom lembrar que o faturamento do setor bancário inteiro na Argentina corresponde apenas ao do Itaú no Brasil, por exemplo", afirma ele.

Kiguel ressalta que, em termos de solvência e liquidez, o sistema oferece hoje poucos riscos. Isso apesar do aumento na rentabilidade. Os retornos sobre os ativos (2,8%) e sobre o patrimônio líquido (24,3%) foram também os maiores da década.

Além do líder Banco de la Nación, o sistema financeiro argentino tem outros grandes estatais, como o Provincia (da Província de Buenos Aires) e o Ciudad (controlado pelo governo da capital, de oposição).

O próprio Banco Patagônia – que há 11 meses foi comprado pelo Banco do Brasil- cresceu quando, no processo de desestatização de bancos provinciais, comprou a entidade pertencente à Província de Río Negro. O Patagônia atua até hoje como seu agente financeiro, respondendo por toda a folha de pagamento, entre outros serviços.

O Itaú, que reforçou sua presença no país com a aquisição do Buen Ayre nos anos 90, é um exemplo frequentemente apontado de banco estrangeiro que não levou adiante a promessa inicial de expansão.

Hoje a instituição financeira ocupa um discreto 17° lugar no ranking de ativos do sistema, com 5,6 bilhões de pesos (cerca de US$ 1,4 bilhão), e conviveu no ano passado com boatos sobre uma eventual aquisição do Banco Galicia, hoje o terceiro maior privado e a empresa mais rentável de 2010 entre as cotadas no índice Merval.

Mas o mercado está crescendo para todos. Só em 2010 houve a abertura de um milhão de cadernetas de poupança e a emissão de um milhão de novos cartões de crédito, cujas operações chegaram a aumentar ao ritmo de quase 60% em dezembro.

O crédito ao setor privado como um todo teve alta de 30% em 2010, mas continua sendo relativamente limitado. A taxa atual é de 13% do Produto Interno Bruto, segundo Kiguel, cerca de um quarto da proporção brasileira e ínfima se comparada com o Chile. "O que deu bastante dinheiro aos bancos no ano passado foi a aposta nos títulos públicos", diz o analista.

A reestruturação da dívida do governo que ainda estava em moratória – totais não incluídos na renegociação de 2005 – levou a uma forte alta dos papéis, que chegaram a ganhar 30% em dólares. O risco-país caiu a menos de 500 pontos, patamar que não era visto desde 2008, antes de a Casa Rosada e os ruralistas terem se enfrentado na "crise do campo".

Para o economista Ricardo Delgado, da consultoria Analytica, a Argentina já deu mostras suficientes de que não tem planos voltar à moratória. Quando surgiram dúvidas sobre a capacidade de rolar a dívida externa, por causa da recessão global, Delgado lembra que o governo tomou decisões como estatizar as administradoras de fundos de pensão e apropriar-se das reservas internacionais do Banco Central.

Ambas as medidas criaram ruídos políticos, acredita Delgado, mas foram importantes no propósito de convencer o mercado sobre a disposição da Casa Rosada em pagar suas dívidas. Daí o resultado espetacular de 2010. Mas a tendência é que neste ano a rentabilidade do sistema bancário sobre seus ativos continue acima de 2%, o que é considerado alto pelo mercado.

Fonte: Valor Econômico / Daniel Rittner

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *