O tema não é novidade para a categoria bancária e, especificamente, tem se alastrado, de forma absurda, nas unidades da Caixa Econômica Federal.

O assédio moral passou a ser a principal ferramenta de gestão da direção do banco, que fecha os olhos para o que ocorre nas superintendências e em suas unidades, totalmente abandonadas no que diz respeito à infraestrutura, à tecnologia e à falta de empregados.

No entanto, na hora de elaborar as metas para as unidades, são impostos números impossíveis de serem alcançados. Índices que a própria direção sabe que são inatingíveis. Escancara-se, assim, o jeito Caixa de atuar: não importa como se faça, desde que se faça. Escancara-se, com essa política, que não existe gestão de pessoas no banco, desde o mais alto escalão até o técnico bancário em estágio probatório.

Que a Caixa Econômica vem cumprindo, a certo contento, seu papel de principal agente de políticas públicas do governo federal, isso todos nós sabemos. Mas a que preço? Vale a saúde de milhares de trabalhadores? Hoje, é comum entrarmos nos locais de trabalho e, ao perguntar por alguns colegas, recebermos a informação de que estão afastados. Os bancários são vítimas muito mais da depressão e de outros transtornos psicológicos do que das LER/Dort. Ou, situação ainda pior, a pressão é tanta em alguns locais, que os trabalhadores chegam ao ponto de passar seus dias à base de medicamentos fortíssimos, (basta ver suas caixinhas em cima das mesas), sem se licenciar por receio de retaliação de alguns gestores.

Vale o clima de violência organizacional que vivemos atualmente? As práticas de coação e ameaça são tamanhas, que as pessoas se vêem obrigadas a cumprir suas tarefas em meio a situações absurdas, como trabalhar sem marcar o ponto, realizar vendas casadas, ter sua função desviada… Isso para não citar casos específicos que são de arrepiar os cabelos. Vale a sua vida? A Caixa já deixou claro, por várias vezes, que privilegia aquele ou aquela que vive a vida para a Caixa em detrimento de sua própria. Alto lá! Nenhuma margem de lucro, nenhum índice de rentabilidade, crescimento de carteira empresarial ou até mesmo aumento do número de financiamentos de imóveis para baixa renda vale a sua saúde.

A esta altura, nossas reivindicações já estão com a direção do banco e com o governo. Precisamos chegar à raiz do problema, que pode ser definida em três pontos cruciais: contratação de mais empregados, aumento nos pisos e transparência na carreira.

Somente com mais colegas bancários para atender a população e para que as áreas internas funcionem a contento é que conseguiremos cumprir a jornada de forma correta. Somente com um piso digno conseguiremos ter certa independência de alguma função de confiança. Somente com critérios claros – não subjetivos – é que voltaremos a confiar nos PSIs e, também, teremos estabilidade na função.

São esses, também, os pontos centrais do combate ao assédio moral. Ele não é oriundo da gerência e, sim, deve-se à política da direção, na qual a omissão é a melhor ferramenta de gestão. Mas estejam certos: nada disso virá de forma pacífica. Será necessário colocarmos nosso bloco na rua e irmos à luta. Unidos e cientes de que nossa batalha é para todos os empregados: com e sem função, de departamentos e agências, das linhas de frente e da retaguarda. Somos todos bancários e mostraremos nossa força para a direção!

É passada a hora da diretoria da Caixa enxergar a realidade dos locais de trabalho. Queremos salários decentes, transparência e critérios claros na carreira, sem subjetividades, e mais colegas para atendermos melhor o povo brasileiro.

Queremos crescer junto com o banco e com o País. Mas, tudo isso, com qualidade de vida. Chega de assédio moral!

Fonte: Rafael de Castro, diretor da APCEF/SP e do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região

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