Crédito: Gerardo Lazzari
Gerardo Lazzari
Propostas serão levadas à 15ª Conferência Nacional dos Bancários

Com a participação de 310 delegados, a 15ª Conferência Estadual, realizada no sábado, dia 13, em São Paulo, aprovou as propostas dos bancários e bancárias do Estado a serem levadas para a 15ª Conferência Nacional dos Bancários, que será realizada de 19 a 21 de julho, na capital paulista.

Os bancários reforçaram a luta pela continuidade da política de aumento real, indicando como proposta a reposição da inflação do período mais 5% de aumento real, combate ao assédio moral, fim das metas abusivas, mais empregos e fim das demissões nos bancos privados.

Também definiram o piso com base no salário mínimo do Dieese (R$ 2.860,21) e a PLR de três salários, além de R$ 5.553,15 de parcela fixa adicional. A pauta geral da classe trabalhadora também foi debatida e aprovada, como a Reforma Política, democratização dos meios de comunicação e fim do fator previdenciário.

Os delegados da 15ª Conferência também aprovaram, por unanimidade, moção de repúdio ao Projeto de Lei 4330, o qual autoriza terceirizações de atividades-fim, precarizando o emprego no Brasil.

Os debates realizados tiveram como subsídio as consultas realizadas pelos sindicatos filiados à FETEC/CUT-SP em suas respectivas bases sindicais.

Além da necessidade de defender o emprego e melhorar as condições de salário e de trabalho, os bancários consultados também estão preocupados com o papel social dos bancos. 74% classificaram como muito importante a regulação do sistema financeiro e 71%, a redução dos juros bancários.

As consultas realizadas pelos sindicatos também buscaram saber o que pensam os trabalhadores dos bancos sobre o atual debate em torno da regulação das comunicações no Brasil. 69% acham que a grande mídia é parcial e 77% acreditam ser importantíssima a instituição de um Marco Regulatório das Comunicações no país.

“Fizemos bons debates, resultado das consultas nas bases, reuniões nos sindicatos, encontros de bancários e conferências regionais”, afirmou Luiz César de Freitas, o Alemão, presidente da FETEC/CUT-SP.

Conforme Alemão, a 15ª Conferência reforçou a unidade em defesa dos direitos não apenas dos bancários, mas de toda a classe trabalhadora. “Saímos dessa 15ª Conferência fortalecidos para construir uma Campanha Nacional dos Bancários vitoriosa, ao mesmo tempo em que nos comprometemos na defesa de reformas estruturais na sociedade”, avalia Luiz César de Freitas.

Análise de conjuntura

Durante análise de conjuntura, os participantes consideraram os riscos colocados pelo atual cenário aos avanços obtidos pela classe trabalhadora nos últimos 10 anos.

O deputado federal Ricardo Berzoini (PT-SP) alertou para a necessidade de o movimento sindical focar sempre na sua referência de atuação, que é a de defender os trabalhadores na permanente luta de classes. “Nosso projeto é socialista, por isso nossa luta deve ser contínua para acabar com as desigualdades sociais”.

Conforme Berzoini, que completa 35 anos como bancário, as recentes manifestações que se espalharam pelo país refletiram um clamor que se mantinha oculto. “Embora o Brasil viva condições melhores do que há 10 anos, ainda persiste muita desigualdade e uma grande parcela da população ainda não tem acesso a serviços básicos. Por isso o descontentamento veio à tona neste momento, exigindo de nós uma reavaliação de trajetória”, alertou Berzoini.

Eu enfatizou que “se não queremos jogar fora tudo o que conquistamos nestes 10 anos de governo federal de origem popular, temos de ter a visão de que a luta não acabou. Precisamos estimular a mobilização da classe trabalhadora para continuar cobrando do Estado o que ele ainda não fez. O momento é desafiador, no sentido de defender mobilizações pacíficas por mais escolas, mais hospitais e mais transporte público de qualidade, dentre outros serviços essenciais”.

O deputado estadual Luiz Cláudio Marcolino (PT-SP) comparou a recente onda de protestos iniciada pelo Movimento Passe Livre à mobilização de massa de 1992, conhecida como Caras Pintadas. Também falou sobre os importantes avanços do país nos últimos 10 anos.

“O clamor que se coloca agora é por espaço maior de participação da população. Nos governos Lula e Dilma foram criados programas que beneficiaram os mais necessitados, como o Bolsa Família, além de nove milhões de novos empregos. Também houve investimento na produção brasileira. Neste momento, temos de fortalecer o país e dar continuidade a essas bandeiras de luta, além de trazer nossas bandeiras históricas para a pauta do Congresso Nacional”, disse Marcolino.

Ao mesmo tempo em que destacou os avanços no âmbito federal, Marcolino alertou para as dificuldades impostas pelo governo do PSDB no Estado de SP. “O governo estadual vendeu bancos, privatizou serviços básicos, como saneamento e energia, acarretando em prejuízos para a população. São problemas que precisam ser enfrentados com união e coragem. Por isso a importância de criarmos cada vez mais espaços para aprofundamento dos debates”, destacou o deputado ao salientar a importância da democracia participativa para que o Brasil continue avançando.

A mesa de conjuntura frisou a importância de se seguir firme na luta contra o Projeto de Lei 4330, que autoriza a terceirização de atividades-fim com precarização do emprego, frente aos interesses da grande mídia, banqueiros, latifundiários e estatais pela aprovação da matéria. “O papel dos sindicatos nessa resistência é fundamental”, ressaltou Berzoini.

Os debates também apontaram a necessidade de se fortalecer o governo da presidenta Dilma para que ela possa ser bem-sucedida na continuidade dos projetos sociais, bem como de se fortalecer o debate sobre a reforma política por meio do plebiscito popular e de se avançar na luta por uma reforma tributária no país, como importante instrumento de justiça social.

Mesa de abertura

O presidente da FETEC/CUT-SP destacou a importância dos debates, como instrumento para ensejar as reflexões necessárias para que a categoria possa, a exemplo dos últimos anos, construir mais uma Campanha Nacional vitoriosa.

Representando os sindicatos filiados à FETEC/CUT-SP do interior do Estado de SP, Aparecido Augusto Marcelo, dirigente sindical do Sindicato dos Bancários de Catanduva e Região, parabenizou a atuação da FETEC/CUT-SP na organização dos sindicatos cutistas do Estado e lembrou a necessidade de se intensificar a luta sindical.

“Nossas ações serão determinantes para barrarmos o Projeto de Lei 4330 das terceirizações, bem como contra toda a tentativa de ataques aos direitos dos trabalhadores. Por isso temos de ampliar o ditado ‘orar e vigiar’. Nosso lema deve ser ‘orar, vigiar e lutar'”, destacou.

A presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Juvandia Moreira, avaliou a importância deste momento, quando a categoria inicia a Campanha Nacional com ampla participação de bancários da capital e do interior de São Paulo.

“A participação é o que torna nossas campanhas vitoriosas. E é com participação que damos início a essa Campanha Nacional 2013, construindo conjuntamente a nossa pauta de reivindicações, a partir das assembleias de base e dessa Conferência Estadual rumo à Conferência Nacional”, afirmou.

Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT, reforçou a importância do momento político atual e os desafios pela luta dos direitos dos trabalhadores frente aos riscos do projeto de lei que precariza os direitos dos trabalhadores (PL4330/2004).

“Os desafios são muito grandes e o futuro vai depender das decisões tomadas nesse momento. Temos de ter ousadia e enfrentar os bancos na questão das demissões e do assédio moral, que adoece e mata. Além disso, precisamos chamar os trabalhadores para a luta contra o PL4330 que precariza ainda mais o trabalho bancário. Temos que realizar mobilização com ousadia e unidade”, concluiu Cordeiro.

Fonte: Contraf-CUT com Fetec-CUT/SP