Na noite da quinta-feira, 22 de outubro, através de live pela plataforma Zoom, bancárias e bancários participaram do seminário promovido pelo Sindicato dos Bancários da Paraíba, intitulado Impactos da Pandemia para a Saúde Mental dos Bancários, com a participação da Profa. Thaís Máximo, do Departamento Psicologia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

A abertura dos trabalhos foi feita pelo secretário de políticas sociais e saúde do trabalhador, Washington Luiz, que contextualizou o evento nas atividades da entidade com a segurança dos/as representados/as diante da pandemia.

“A nossa categoria profissional é muito pressionada no seu dia a dia, tanto pelos bancos na cobrança pelo atingimento de metas cada vez mais absurdas, quanto por clientes e usuários pela precariedade no atendimento por falta de funcionários. Agora, com os bancos demitindo em plena pandemia, inclusive grávidas e pessoas em pré-aposentadoria, mais as incertezas do pós pandemia, com a categoria dividida em atendimento presencial e teletrabalho, as doenças ocupacionais afloram com mais intensidade, principalmente os transtornos mentais. Realizamos um seminário sobre o combate ao suicídio e vamos intensificar as discussões sobre o assunto através da parceria com o Departamento de Psicologia da UFPB, com a Dra. Thaís e sua equipe de estagiários/pesquisadores”, arrematou.

A professora Thaís, de maneira bem didática, fez uma explanação sobre o adoecimento da classe trabalhadora no mundo até chegar à questão da categoria bancária em meio à pandemia e a forma como os bancos estão tratando seus empregados, priorizando os lucros em detrimento da vida.

Ela enfatizou que o mundo do trabalho passa por mudanças constantes e muito rápidas, principalmente com o avanço do neoliberalismo, que impõe alterações nas relações de trabalho visando apenas favorecer o patronato. As inovações tecnológicas, em vez de libertar o homem do trabalho colocou ainda mais pressão ao diminuir a carga física e aumentar a pressão psíquica. E isso tudo tem a ver com as novas formas de gestão que impõem ao trabalhador mais intensidade, mais implicação, mais responsabilidade e, consequentemente, mais adoecimento.

E discorreu sobre como identificar o colega ou a colega que esteja em sofrimento, como abordar e como acolher o/a doente, de forma que ele/a se sinta confortável para buscar a ajuda necessária ao tratamento adequado.

Plenária

Durante os debates, a plenária virtual se manifestou através de questionamentos. Um funcionário do Banco do Brasil em teletrabalho falou que não é só a mulher com filhos que sofre com esse sistema. “Chega um momento que não conseguimos mais separar o trabalho da vida pessoal e perdemos a noção do tempo, além de estarmos afastados e sem saber se seremos lembrados de forma positiva pela chefia. E isso é horrível, desnorteia, adoece”, desabafou.

Uma empregada da Caixa Econômica Federal, que está na linha de frente do pagamento do auxílio emergencial e benefícios sociais, também se queixou de se sentir isolada, mesmo tendo colegas trabalhando na mesma agência. “Não é uma situação normal. Não temos proximidade, nem o contato físico e geralmente passamos seis horas atendendo pessoas irritadas com a demora no atendimento por falta de funcionários. E isso é muito desgastante, gera incertezas, angústia e desânimo, pois não sabemos como seremos avaliados”, denunciou.

A companheira Rafaella Freitas, diretora do Sindicato dos Bancários de Brasília e estudante de medicina, que desenvolve a pesquisa “Impactos da Pandemia na Saúde Mental do Trabalhador Bancário”, fez uma intervenção bastante interessante: “Falar de saúde mental é cada vez mais necessário com o trabalho invadindo nossas casas e rompendo os limites entre o profissional e o pessoal. A produção de conhecimento científico sobre o adoecimento do trabalhador deve partir das necessidades do trabalhador e assim pautar as ciências da saúde para que estas deem a assistência necessária”.

A companheira Magali Pontes, em sua intervenção, reforçou a importância da parceria com a universidade para melhor discutirmos sobre a saúde mental da categoria e buscarmos formas de ajuda. “Precisamos ampliar o ciclo de discussão neste momento de muitas incertezas e adoecimentos, bem como envolvermos os gestores nesses fóruns de debates, uma vez que eles são os representantes dos bancos na base”, ressaltou.

 A Profa. Dra. Thaís Máximo avaliou o evento positivamente, dada a importância da oportunidade de debater com a categoria sobre as questões que afetam a saúde de bancárias e bancários e como buscar soluções.

“A atividade proposta pelo Sindicato dos Bancários da Paraíba para discutir os impactos da pandemia para a saúde mental dos bancários foi de extrema importância. Pudemos dialogar com a categoria sobre suas vivências e elaborar melhor nossas estratégias de intervenção. Os bancários e bancárias pertencem a uma categoria profissional das mais atingidas em virtude da complexidade do trabalho real a partir da pandemia, tanto para os trabalhadores que estão em home office quanto para os que estão trabalhando presencialmente. É preciso ainda que as instituições estejam pensando ações de gestão de pessoas e saúde dos trabalhadores para esses sujeitos”, avaliou positivamente a palestrante.

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Fonte: Seeb – PB