O Banco do Brasil está superando o Bradesco e o Itaú Unibanco na estruturação de dívida privada no país, após adquirir quatro concorrentes e ampliar a oferta de empréstimos para um nível recorde.

O Banco do Brasil coordenou R$ 5,5 bilhões em ofertas de debêntures nos primeiros seis meses de 2010, ultrapassando Itaú e Bradesco, os dois principais coordenadores do ano passado, segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), que contabiliza debêntures, notas promissórias e ativos securitizados.

O Banco do Brasil está em primeiro lugar neste ano, seguido por Bradesco, Itaú BBA e BTG Pactual, nessa ordem de colocação, de acordo com os números da Anbima.

Os empréstimos totais do Banco do Brasil aumentaram 36% no primeiro trimestre para R$ 327,4 bilhões, tornando-o a maior instituição da América Latina em ativos, após um acréscimo de 35% em 2009.

O banco está aproveitando a fatia de mercado obtida durante a crise financeira global, quando desempenhou um "papel anticíclico" para sustentar a economia local enquanto instituições privadas reduziam o crédito, disse Peter Shaw, diretor-gerente da Fitch Ratings.

"Eles têm sido mais agressivos em geral", disse Shaw numa entrevista por telefone. "Eles deixaram claro que querem não somente defender os ganhos de fatia de mercado mas também, onde faz sentido, ampliá-los."

O banco estatal, fundado no século XIX, subiu no ranking de subscrição ao mesmo tempo em que as ofertas de debêntures deram um salto de 66% em relação a um ano antes, segundo os números da Anbima.

O Bradesco, segundo maior banco do país por valor de mercado, subscreveu R$ 4,48 bilhões em títulos no primeiro semestre, caindo uma posição em relação ao mesmo período de 2009 para o segundo lugar. O Itaú, maior banco brasileiro por valor de mercado, coordenou R$ 4,39 bilhões em ofertas de dívida, e ficou em terceiro lugar.

Alexandre Aoude, diretor executivo de mercado de capitais do Itaú BBA, disse que o fato de o Banco do Brasil ter comprado uma fatia de 50% do paulistano Votorantim colaborou para a ultrapassagem pelo banco estatal.

A aquisição trouxe "muito daquela originação, o que ajudou muito", disse Aoude numa entrevista por telefone de São Paulo. "O Banco do Brasil está fazendo um excelente trabalho, acendeu nossa luz amarela porque é um competidor difícil de ser batido."

Aoude prometeu ser "mais agressivo" para recuperar a primeira colocação conquistada no fim do ano passado. "Temos instrumentos para estar na ponta", afirmou.

Omar Barreto, chefe do departamento de imprensa do Banco do Brasil em Brasília, se recusou a comentar os rankings de subscrição. Um representante do Bradesco em Osasco também não atendeu o pedido de entrevista.

Fonte: Bloomberg / Gabrielle Coppola e André Soliani

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