O China Development Bank Corp., banco estatal para projetos de obras públicas, abriu ontem em Hong Kong a sua primeira agência fora da China continental e planeja ter representações no Brasil, na Rússia e no Egito, como parte de uma expansão global. As agências vão começar a funcionar este ano em Moscou e no Cairo e, no próximo, no Rio de Janeiro, disse o vice- presidente Li Jiping, em entrevista coletiva à imprensa.

O banco, sediado em Pequim, concordou em maio em emprestar US$ 10 bilhões para a Petrobras, ajudou a financiar um fundo na África e, em junho, concedeu empréstimos para o banco de desenvolvimento da Rússia.

"A nossa meta estratégica é nos tornar um banco internacionalizado", disse Li aos jornalistas, acrescentando que a agência de Hong Kong cobrirá a Ásia. "As organizações da China continental poderão efetivamente sair para o mercado internacional através dessa plataforma em Hong Kong."

O primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, disse em 20 de julho que as reservas do país em moedas estrangeiras, de mais de US$ 2 trilhões, deverão ser usadas para ajudar as empresas a investirem no exterior. A estratégia chinesa de se expandir no exterior também tem o objetivo de contribuir para que o país garanta o acesso aos recursos naturais necessários para sustentar a expansão econômica, que é a mais acelerada entre as 20 maiores economias do mundo.

A representação do China Development Bank Corp. no Brasil vai investir em portos, siderúrgicas e geração de energia, disse o governador do Estado do Rio, Sérgio Cabral, em 30 de junho. O banco também manifestou interesse em investir em projetos relacionados à Copa do Mundo de 2014 e na candidatura do Rio para sediar os Jogos Olímpicos de 2016, disse Cabral. A cidade abriga as sedes da Petrobras, que está considerando a compra de equipamento chinês em troca de novos empréstimos, e da Vale, a maior produtora de minério de ferro do mundo.

A China, a terceira maior economia do mundo, se tornou a principal parceira comercial do Brasil este ano, depois que a recessão global sufocou as vendas para os Estados Unidos. Os bancos centrais do Brasil e da China estudam uma proposta de usar as suas próprias moedas – o real e o yuan – no comércio bilateral, em vez do dólar. Os dirigentes do Brasil, Rússia, Índia e China – os chamados Bric, pelas suas iniciais – defenderam um sistema monetário "mais diversificado" para reduzir a dependência do dólar, em uma reunião realizada em 16 de junho em Ecaterimburgo, na Rússia.

O China Development Bank Corp. concordou em emprestar US$ 1,3 bilhão para o Vnesheconombank, o banco estatal de desenvolvimento da Rússia, sediado em Moscou, disse a instituição russa em 14 de junho. O China-Africa Development Fund, que contribuiu para o financiamento de uma usina beneficiadora de algodão no Malawi e uma central elétrica em Gana, foi criado em junho de 2007 com US$ 1 bilhão inicial do China Development Bank.

O lucro do China Development Bank caiu 28% no ano passado, devido à alta dos prejuízos com empréstimos, com a desaceleração do crescimento econômico do país. O banco, que tinha 3,8 trilhões de yuan (US$ 556,3 bilhões) em ativos no fim de 2008, recebeu uma injeção de capital de US$ 20 bilhões do governo em dezembro de 2007 e quer se tornar uma instituição comercial de crédito. O Ministério da Fazenda é dono de 51,3% do banco e a Central Huijing Investment Co., uma divisão do fundo de riqueza soberana da China, de US$ 200 bilhões, detém o restante.

Fonte: Bloomberg News