Os bancos nos EUA já têm US$ 1,65 trilhão em reservas depositadas no Federal Reserve acima do valor mínimo exigido pela autoridade monetária. Por sua vez, grandes companhias acumulam enorme quantidade de ativos líquidos.

Desde outubro de 2008, as reservas obrigatórias (10% para os depósitos líquidos) e as excedentes dos bancos no Fed são remuneradas em apenas 0,25% ao ano. Patrick Artus, do banco francês Natixis, nota que o excesso de reservas dos bancos indica que a forte criação de liquidez pelo Fed não aumentou a distribuição de crédito no país. Principalmente porque há pouca demanda por financiamento imobiliário.

A dimensão do excesso de reservas vem sendo usada na discussão sobre possível mudança na política do Fed – que poderá ser anunciada pelo presidente da instituição, Ben Bernanke, em aguardado discurso na conferência de Jackson Hole, sexta-feira. Richard Fischer, do Fed de Dallas, diz que as reservas adicionais e o volume de ativos líquidos das empresas mostram que a economia não está sendo freada por escassez de fundos. E, assim, a liquidez adicional teria pouco ou nenhum efeito na atividade econômica.

Para Joseph Abate, do Banco Barclays Capital, em Nova York, os bancos estão com excesso de reservas "por precaução". Mas ele concorda que cortar a já baixa remuneração, de 0,25%, terá pouco efeito. Teoricamente, isso levaria os bancos a transferir suas reservas para outro lugar.

Se nos Estados Unidos o dinheiro flui para o Fed porque a economia não reage, na Europa os depósitos dos bancos no Banco Central Europeu têm crescido devido ao receio de que o sistema financeiro seja atingido por eventual calote soberano. Com isso, as instituições temem emprestar umas às outras. O foco agora está na necessidade dos bancos de funding em dólares, depois que um banco europeu teve de pegar US$ 500 milhões no Banco Central Europeu (BCE), por sete dias, semana passada.

O custo pago pelos bancos europeus para obter funding em dólares está no nível mais alto desde 2008. Os dólares escassearam porque os investidores americanos – incluindo os "money market funds", que compram títulos de dívida de curto prazo – preferem evitar papéis das instituições financeiras europeias mais expostas aos países da periferia da região com problemas de endividamento.

Para Michael Symonds, da Daiwa Capital Markets, "enquanto durar a incerteza sobre a dívida soberana na zona do euro, as condições de funding para bancos europeus vão continuar tensas".

Fonte: Assis Moreira – Valor Econômico

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