Para estimular a divulgação de dados socioambientais das empresas, a Bolsa brasileira passa a recomendar, neste ano, que as companhias listadas publiquem essas informações, ou expliquem por que não o fazem. 

São dados como consumo de água e energia, conservação de florestas, produção de resíduos e sobre o relacionamento com a comunidade onde a empresa está localizada.

Esse tipo de relatório, integrado ao financeiro, é exigência para listagem de empresas na Bolsa de Johannesburgo (África do Sul) e obrigatório para companhias de capital aberto na Dinamarca.

A BM&FBovespa diz não ter um levantamento completo das empresas que divulgam as informações atualmente, mas destaca que todas as 38 da carteira do ISE (Índice de Sustentabilidade Empresarial) o fazem.

Elas são poucas em relação ao conjunto das listadas – 466 -, embora representem 43,7% do valor total das companhias. Mas o maior problema, na avaliação de especialistas ouvidos pela Folha, nem é a quantidade de empresas, mas a qualidade das informações apresentadas.

SÓ O LADO BOM

"As companhias têm dificuldade em admitir os desafios socioambientais", diz Clarissa Lins, diretora-executiva da FBDS (Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável).

"Em geral, as empresas destacam só o que fazem de positivo, mesmo que as iniciativas não tenham relação com seu ramo de atividade."

Lins ressalta que, para ser consistente, um relatório socioambiental tem de tocar nos pontos a serem melhorados e trazer números, como sobre a emissão de gases de efeito estufa.

De acordo com a organização não governamental GRI (Global Reporting Initiative), que estabelece o padrão internacional para divulgação de dados socioambientais, cerca de 150 empresas brasileiras (abertas e fechadas) publicam nesse formato.

O país está em 3º lugar no mundo em número de relatórios, atrás de EUA e Espanha. "Mas a tendência de falar bem de si mesmo, evitando os desafios, é mais acentuada no Brasil que no exterior", diz Gláucia Terreo, representante da GRI no país.

A executiva diz que muitas empresas ainda não entendem a função do relatório, que é abastecer investidores, e demais interessados, de dados precisos sobre as companhias. "Hoje, as informações negativas circulam rápido nas redes sociais; ser transparente é bom negócio para a organização."

Sonia Favaretto, diretora de sustentabilidade da BM&FBovespa, diz que a decisão da Bolsa é uma recomendação, e não uma exigência. E que a divulgação, a princípio, não precisará integrar informações financeiras e ambientais.

"Isso vai evoluir naturalmente e, no futuro, um relatório integrado pode se tornar critério de listagem, como ocorre em outras Bolsas do mundo."

Fonte: Folha de S.Paulo

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