O Bradesco e o Mitsubishi UFJ Financial Group anunciaram memorando de entendimento para estruturação e financiamento de empresas com projetos de geração de créditos de carbono, contemplados no Protocolo de Kyoto. O acordo internacional impõe limites aos países industrializados de emissões de gases-estufa, responsáveis pelo aquecimento global.

O Mitsubishi UFJ Financial Group será responsável por estruturar os chamados projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) para as empresas interessadas. Ao Bradesco caberá o financiamento da execução e demais custos, como despesas com obras, aquisição de novos equipamentos e os valores referentes ao pagamento de taxas de registro do projeto junto à Organização das Nações Unidas (ONU). Em conjunto, o Bradesco e o Mitsubish ficarão responsáveis pela comercialização dos créditos de carbono gerados pelos projetos.

"Nós já financiamos cerca de oito projetos na área de crédito de carbono. O que estamos fazendo agora é trazer a expertise do Mitsubishi para o processo", disse Ademir Cossiello, diretor-executivo do Bradesco. "O Mitsubishi também agirá como um facilitador da comercialização de créditos de carbono lá fora."

Segundo ele, recurso financeiro não é atualmente o fator limitador deste mercado no Brasil. O que faltam, diz ele, são bons projetos. "Temos grande potencial nas áreas de aterros sanitários, florestas e substituição de matriz energértica", citou.

Para os japoneses, contar com o apoio financeiro de bancos brasileiros no desenvolvimento de projetos é crucial, sobretudo em tempos de crédito apertado. O Japão é um dos três maiores emissores de gases-estufa entre os países industrializados e, por isso, é também um grande comprador de créditos de carbono.

Há dois anos, o Banco do Japão para Cooperação Internacional (JBIC) fechou convênio com o Unibanco para criação de uma linha de financiamento exclusivo para projetos de carbono no Brasil. No acordo, o JBIC entra com o dinheiro e o Unibanco com sua carteira de clientes e a prospecção de novos mercados. O Japan Carbon Fund, faria a ponte entre vendedor e comprador.

Desde 2005, o Banco Real, hoje ligado ao Santander, trabalha com a monetização – pagamento antecipado – de projetos de crédito de carbono. Mas com uma vantagem comparativa frente aos concorrentes: o braço brasileiro auxilia empresas na geração de créditos que são comprados pela matriz europeia.

"Não precisamos de parcerias porque temos os dois tipos de clientes: compradores e vendedores", afirma Maurik Jehee, superintendente de créditos de carbono do Santander. Segundo ele, o mercado de carbono reage à queda dos preços da tonelada, que chegou à ? 4 euros no começo deste ano devido ao baixo preço do petróleo.

Fonte: Valor Econômico / Bettina Barros, de São Paulo