A escolha da direção do Sindicato dos Bancários de Pernambuco para os próximos três anos será decidida em segundo turno, nos dias 11 e 12 de novembro. A disputa, então, se dará entre as chapas 1: Carrossel, A Nossa Chapa – Ação Positiva, Coerente e Renovada – e 3: Renovação, Luta e Democracia – Para Mudar o Sindicato.

Foi o recado em forma de voto que 4.072 bancários e bancárias pernambucanos deixaram nas 40 urnas que circularam em todo o estado, dias 28 e 29. Do total, a Chapa 1, encabeçada por Marlos Guedes, atual presidente, levou 1.590 ou 40,2% dos votos válidos. A Chapa 3, que tem Jaqueline Mello, atual secretária-geral do Sindicato, na cabeça, recebeu 1.433 ou 36,2% dos votos válidos.

Em terceiro lugar, e portanto fora do processo, ficou a Chapa 2 – Mudar o Sindicato: UCS – Unir, Lutar, Vencer, que registrou 775 votos ou cerca de 20% e, em último, a Chapa 4 – Bancários Independentes, da Feeb/Contec/UGT, que obteve 158 votos ou 4% dos votos válidos. Houve 89 votos nulos e 27 em branco.

O resultado foi bem-recebido pelas três chapas com maior número de votos. Jaqueline Mello, candidata a presidenta da segunda colocada, comemora a chegada ao segundo turno: "Cumprimos a nossa meta. É o primeiro passo", afirma elogiando "a tranquilidade e a democracia do processo".

Miguel Anacleto, cabeça da Chapa 2, considera que o processo eleitoral foi "legítimo", ainda que criticando "o estatuto autoritário". Para ele, os quase 800 votos obtidos mantém a UCS no "ideário de um sindicalismo sem os vícios da estrutura ultrapassada e degenerada atual".

Marlos Guedes, líder da Chapa 1, vitoriosa no primeiro turno, garante que houve "democracia e condições iguais para todas as três chapas que têm trabalho na categoria, e a votação expressou muito bem isso".

Representantes dos sindicatos do Nordeste e/ou de correntes políticas representadas na disputa, que vieram dar apoio durante o processo de votação, também prestigiaram a apuração. Presença surpresa foi a do presidente da Contraf-CUT – Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro, Carlos Cordeiro, que emendou duas viagens a trabalho, a Belo Horizonte e Brasília, para vir ao Recife acompanhar a contagem de votos.

Para ele, a divisão das forças na eleição preocupa o movimento, "pois se renova por um lado, perde lideranças por outro". Entretanto, "o resultado mostra que, para os bancários, o Sindicato vai bem", avalia, referindo-se à votação das duas chapas que chegam ao segundo turno.

Uma pane no sistema de computadores do Sindicato atrasou o início da apuração que só começou por volta das 14:00. Prevista, a princípio, para iniciar às 9:00, fora transferida para meio dia, para adequar-se à agenda do procurador do Trabalho, Fábio André de Farias. Ele foi indicado pelo Ministério Público para mediar a apuração, presidida pela Comissão Eleitoral, esta coordenada por Fernando Pereira da Costa – Fernandel.

O único incidente do dia ficou por conta da Chapa 4 que, como de praxe em cada eleição, tentou embaralhar o processo já em curso. Apesar de ter concordado com o início da apuração, mesmo sem a listagem do cruzamento dos votos em separado com o quadro de associados – que se atrasara por força do problema técnico já relatado -, meia hora depois de iniciada a contagem exigiu tais documentos.

O procurador, propôs, então que a apuração fosse suspensa até a chegada da lista. Foi aí que o pessoal da federação voltou a seguir o roteiro de toda eleição: ensaiou um protesto e saiu de cena.

O procurador do Trabalho assegura que "jogou-se de acordo com as regras", e a atitude da Chapa 4 não se justifica: "primeiro porque a apuração começou com a concordância de todas as chapas. Segundo porque propus que se suspendesse o procesos até a chegada dos documentos, mas mesmo assim eles foram embora, alegando que o processo eleitoral estava viciado desde o início. Lembro que na audiência no Ministério do Trabalho, provocada por eles e pela Chapa 2, propus que as eleições fossem adiadas e eles aceitaram manter a data", afirma Fábio André de Farias.

Assim como o coordenador da Comissão Eleitoral, o procurador também considera que a apuração foi "extremamente tranquila". Impressionado com o nível de participação dos bancários, ele observa que a quantidade de votos nulos e brancos é inferior a 2%, quando no quadro eleitoral brasileiro costuma ser em torno de 20%.

Assinala a "disputa politicamente acirrada" e lembra que "a categoria acabou de sair de uma greve traumática que, em alguns segmentos como o Banco do Nordeste durou 34 dias, e que mesmo assim participou ativamente do processo." O procurador faz questão de mostrar que acompanha de perto o processo de inserção do bancário no mercado de trabalho, para mais uma vez elogiar o nível de participação.

"Estão todos de parabéns, quanto mais que a categoria bancária vem sendo muito mal tratada pela conjuntura, que a fez perder mais da metade de seus integrantes. Está na hora de os sindicatos da categoria buscarem ampliar suas bases de atuação, agregando os trabalhadores em financeiras, empresas de crédito e terceirizados", recomenda – e é informado de que isso já é política nacional em curso, a partir da Contraf-CUT.

Fonte: Sulamita Esteliam – Seec Pernambuco

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