Contraf-CUT
O evento comemorou os 20 anos do Instituto Sindical Interamericano pela Igualdade racial

Cerca 70% os trabalhadores negros ocupam os cargos mais precarizados no mercado de trabalho brasileiro. Esse foi o tema central Conferência Continental de Combate ao Racismo no Mundo do Trabalho, realizado em São Paulo, nesta semana, para comemorar os 20 anos do Instituto Sindical Interamericano pela Igualdade racial (Inspir).

Durante os três dias de debate sobre a luta pelo fim do preconceito e do racismo, a ministra Nilma Lino, da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), e representantes de diversas entidades brasileiras e estrangeiras do setor debateram a situação do negro no Brasil e em vários países do continente, como na Argentina, Chile, Bolívia, Colômbia, Honduras, Equador, Costa Rica, Haiti, Cuba e Estados Unidos.

Em relação ao Brasil, a visão geral é que as políticas afirmativas do governo federal têm contribuído muito para mudanças na vida da população negra, embora o Pro-uni e a política de cotas tenham proporcionado a presença de mais de um milhão de estudantes nas universidades, com mais de 1,92 milhões de bolsas para estudantes do ensino superior. Porém ainda há seguimentos do setor político que não tem se sentido à vontade com a participação maior dos jovens, principalmente negros e pobres. Mas, é importante lembrar que a cor da pele ainda tem dificultado o acesso no mercado de trabalho mais qualificado de negros e negras.

SETOR BANCÁRIO
No setor bancário, o II Censo da Diversidade mostrou, no ano passado, que somente 24,7% dos trabalhadores nos bancos brasileiros são negros. Deste percentual, apenas 3,4% se declararam pretos. A maioria se identificou como parda.

Para Almir Aguiar, secretário de Combate ao Racismo da Contraf-CUT, é importante debater a ausência de negros na categoria bancária. “Poucos negros estão em cargo de comando e há dificuldades para a ascensão. Também entre os empregados, poucos são designados para o atendimento ao público. Embora a população negra ultrapasse 50% da população brasileira, no setor bancário o número é muito pequeno. Inclusive, os que trabalham na área recebem, em média, salário 27% menor do que um trabalhador branco”, ressaltou.

JUVENTUDE NEGRA

Estimasse que o Brasil Tenha 51.330.566 de jovens na idade entre 15 e 29 anos, desse total, 53,7% se declara pretos ou pardos. Nesse quadro de jovens 50,4% são mulheres e 49,6 de homens. Pesquisa da Secretaria Nacional da Juventude, mostra que, o que mais preocupa a juventude, é a violência, depois vem emprego, saúde, educação.

Em 2013, 56.804 pessoas morreram no Brasil, vítimas de homicídios, desse total, 30.30.213 eram jovens negros entre 15 e 29 anos, ou seja, 53,18% do total. Fato muito preocupante, pois desse percentual, 72,3 % eram jovens negros, e 93,4% desse total, jovens do sexo masculino. Ou seja, 5 jovens assassinados a cada 2 horas ou 60 por dia. “O extermínio da juventude negra, chega a ser epidemiologico no Brasil, por falta de uma política direcionada aos jovens na área de cultura, esporte, lazer, educação de qualidade. Em 2012, 266.356 jovens estavam presos. Esse é um momento de grande reflexão para mudar este quadro. A polícia não pode continuar matando nossos jovens”, afirma Almir Aguiar, diretor de combate ao racismo da Contraf-CUT.

Lei 10.639/03
Um ponto fundamental para iniciar a um processo do fim do preconceito, é a implementação da Lei 10.639/2003, que torna obrigatório o ensino de História e Cultura Africana e Afro-Brasileira nas escolas de Ensino Fundamental e Médio. “O ensino é distorcido, não conta a verdadeira história da escravidão no país, como os negros foram sequestrados, que o Brasil foi o último país a libertar seus escravos, e as condições que aconteceu, não conhecem os nossos heróis, a arte, a cultura, religião. Quando as crianças, compreenderem a verdadeira história, o preconceito começara a mudar, pois as pessoas não nascem racista e preconceituosas. Elas aprendem ser, em função da intolerância de seus pais”, afirma Almir Aguiar

Dois pontos importantes foram levantados na Conferência, a participação dos trabalhadores na Década do afrodescendente, estabelecida pela Organização das Nações Unidas e a Marcha das Mulheres Negras em 18 de novembro deste ano.

Fonte: Contraf-CUT