Crédito: Augusto Coelho/Fenae
Augusto Coelho/Fenae Rede de Comunicação dos Bancários (*)

"Nós precisamos pensar no desenvolvimento, através da discussão sobre os juros. A margem do spread bancário praticada pelo Brasil é de 28%, uma dos maiores do mundo. As medidas tomadas recentemente sobre o assunto vão na direção de abrir mais espaço para a economia brasileira e é assim que deve ser. É preciso que se mexa nessa estrutura para que o Brasil avance de fato". A afirmação é do coordenador de Educação do Dieese, Nelson Karam, durante a análise de conjuntura realizada nesta sexta-feira (15) na abertura do 28º Congresso Nacional dos Empregados da Caixa Econômica Federal (Conecef), que acontece até domingo (17), em Guarulhos (SP).

Segundo Karam, essas medidas são importantes para abrir caminhos ao debate sobre rentismo na economia brasileira e redirecionar os recursos que estão sendo esterilizados para pagar a dívida interna. "É impossível aplicar 10% do PIB na educação, ou aumentar os investimentos na saúde sem mexer no rentismo", aponta.
Apesar da necessidade de realizar cortes nos juros, a Caixa se encontra em uma posição favorável, avalia o economista. Só no primeiro trimestre de 2012 o lucro cresceu 46% em relação ao mesmo período do ano passado. A rentabilidade sobre o patrimônio também aumentou – passou de 20% para 40%.

Além disso, todas as despesas com pessoal continuam sendo cobertas pelas tarifas. Essas são, de acordo com Karam, apenas algumas evidências de que o corte nas taxas de juros não pode ser usado pelo banco como argumento negativo na campanha salarial.

Os números favoráveis apresentados por Karam, porém, não acompanham outros pontos da pauta dos bancários. A terceirização, por exemplo, cresceu 12% em 2011. Ele afirma que o momento é de fortalecer nas discussões do movimento sindical temas como a precarização do trabalho, através da terceirização, melhores condições de saúde e trabalho, e distribuição de ganhos de produtividade – itens sempre presentes na pauta de reivindicações dos trabalhadores.

"Os resultados gerais apresentados pela Caixa, unidos ao perfil de aplicações, mostram que é o banco que sairá mais forte desse processo de briga contra a redução do rentismo na economia brasileira", assegura Karam. Segundo ele, a Caixa está em vantagem se comparado aos demais bancos por já vir praticando o olhar de crédito, e não de especulação.

"Nós estamos frente a uma oportunidade de realizar debates ricos sobre temas de fundamental importância para os bancários e para a sociedade de modo geral. Não devemos nos abster de fazer esse debate", conclui.

(*) Priscila Bieine

Fonte: Contraf-CUT