A Contraf-CUT avalia como positiva a trajetória de queda da Selic, mantida com a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) de cortar a taxa básica de juros em 0,75%, anunciada na noite desta quarta-feira (7). No entanto, ainda falta ousadia para promover cortes mais profundos e acelerar a retomada da economia, desaquecida pelo erro do governo federal de aumentar os juros em meio à crise internacional.

"O Brasil continua com uma das maiores taxas de juros do mundo, o que impacta também na nossa dívida pública. Em 2011 o pagamento de juros da dívida pública consumiu R$ 216,1 bilhões somente até novembro. É o ‘bolsa-banqueiro’, o maior programa de transferência de renda do governo, beneficiando os mais ricos", afirma Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT. "É fundamental acelerar a queda na Selic e também pressionar os bancos por juros menores, incentivando as áreas produtivas e a criação de emprego", completa.

A decisão atual foi a quinta queda consecutiva na taxa, em processo iniciado em agosto de 2011. Antes disso, porém, o governo realizou sucessivos aumentos na Selic, entre abril de 2010 e julho de 2011, levando a taxa de 8,75% para 12,50%.

"O resultado foi o baixo crescimento do PIB, que aumentou apenas 2,7% no ano passado. A Contraf-CUT alertou desde o início para o erro de ceder às pressões do mercado financeiro e aumentar os juros, mas fomos ignorados. O BC preferiu olhar apenas para a inflação e sacrificou o crescimento da economia e a geração de emprego e renda para os trabalhadores", diz Cordeiro. "Agora, a direção do BC precisa acelerar o processo de derrubada da taxa básica para corrigir a barbeiragem que fez lá atrás", completa.

Derrubar o spread

Cordeiro alerta ainda para a necessidade de intervenção do governo para reduzir o spread bancário. "Mesmo após as sucessivas quedas da Selic, os bancos não reduziram os juros cobrados de consumidores e empresas. A queda da taxa Selic barateia o custo do dinheiro para os bancos. Mas mesmo assim, eles continuam sugando livremente a economia real do país, ao praticar taxas de juros até dez vezes maiores que as do mercado internacional. Isso precisa mudar", afirma.

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou recentemente que a queda do spread é uma prioridade do governo para 2012. "Esperamos que sejam adotadas medidas contundentes. Os bancos públicos podem ter um papel fundamental nesse sentido, baixando os juros e servindo de balizadores do mercado. Mas para isso, precisam passar a cumprir sua função social e deixar de participar do jogo de lucro fácil do mercado", defende Cordeiro, lembrando que os cinco maiores bancos do país acumularam impressionantes R$ 50,7 bilhões em lucros em 2011.

A Contraf-CUT defende a realização de uma Conferência Nacional do Sistema Financeiro, nos moldes de outros conferências setoriais realizadas pelo governo federal nos últimos anos. "Queremos discutir com a sociedade o papel dos bancos. Como concessões públicas, eles têm de prestar contas à sociedade e colaborar com o desenvolvimento econômico e social do país. O que fazem hoje, ao oferecer crédito prioritariamente para o consumo em detrimento da produção e com juros altíssimos, é exatamente o inverso do que a sociedade espera", afirma.

Fonte: Contraf-CUT

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *