Crédito: Danilo Ramos – Rede Brasil Atual
Danilo Ramos - Rede Brasil Atual
Militantes de esquerda foram hostilizados em manifestação na Avenida Paulista

Após um levante conservador no ato realizado na quinta-feira (20) em São Paulo, em “comemoração” à redução da tarifa do transporte público na cidade, o Movimento Passe Livre informou que não convocará mais atos, conforme nota emitida na madrugada de hoje (21). O texto repudia atos de violência contra partidos políticos.

“O MPL é um movimento social apartidário, mas não antipartidário. Repudiamos os atos de violência direcionados a essas organizações durante a manifestação” da mesma forma que “repudiamos a violência policial”, diz o texto.

“O MPL luta por um transporte verdadeiramente público, que sirva às necessidades da população e não ao lucro dos empresários. Assim, nos colocamos ao lado de todos que lutam por um mundo para os debaixo e não para o lucro dos poucos que estão em cima.”

Segundo o militante Rafael Siqueira, a redução das tarifas em São Paulo e o rumo que o movimento tomou levaram à decisão de não programar novos atos. “Ontem tinha neofascista e pessoas contra o aborto, por exemplo. Essas são pautas da direita”, diz.

Ao todo, o Passe Livre realizou sete atos em São Paulo, o primeiro no dia 6, quatro depois do aumento da tarifa. Depois do ato do último dia 13, quando houve forte repressão policial do governo Geraldo Alckmin (PSDB), as marchas ganharam força no país, mas, aos poucos, passaram a reunir bandeiras de grupos heterogêneos, cujo ponto em comum é a negação e a criminalização da política, com o foco dos ataques voltado contra o PT e o governo Dilma.

A intolerância com partidos políticos, que já ocorrida desde o ato de segunda-feira, se intensificou ontem. Partidos de esquerda e movimentos sociais foram hostilizados, e houve uma divisão extra oficial do ato em dois blocos.

Leia a íntegra da nota do MPL:

O Movimento Passe Livre (MPL) foi às ruas contra o aumento da tarifa. A manifestação de hoje faz parte dessa luta: além da comemoração da vitória popular da revogação, reafirmamos que lutar não é crime e demonstramos apoio às mobilizações de outras cidades.

Contudo, no ato de hoje presenciamos episódios isolados e lamentáveis de violência contra a participação de diversos grupos.

O MPL luta por um transporte verdadeiramente público, que sirva às necessidades da população e não ao lucro dos empresários. Assim, nos colocamos ao lado de todos que lutam por um mundo para os debaixo e não para o lucro dos poucos que estão em cima. Essa é uma defesa histórica das organizações de esquerda, e é dessa história que o MPL faz parte e é fruto.

O MPL é um movimento social apartidário, mas não antipartidário. Repudiamos os atos de violência direcionados a essas organizações durante a manifestação de hoje, da mesma maneira que repudiamos a violência policial. Desde os primeiros protestos, essas organizações tomaram parte na mobilização. Oportunismo é tentar excluí-las da luta que construímos juntos.

Toda força para quem luta por uma vida sem catracas.

MPL-SP

Fonte: Sarah Fernandes – Rede Brasil Atual