Discretamente, a Caixa Econômica Federal começou a negociar a compra de participação em bancos pequenos e empresas de setores que sofreram com a restrição de crédito depois do agravamento da crise. Se as negociações forem bem sucedidas, as compras serão feitas pela CaixaPar, subsidiária da Caixa que será formalmente criada nos próximos dias.

Com pelo menos dois bancos pequenos as negociações já estão avançadas, segundo fontes ouvidas pela Agência Estado. Mas há conversas iniciadas também com um banco de médio porte.

A movimentação da Caixa se insere numa estratégia de governo para destravar o crédito, ampliar a concorrência e reduzir o custo financeiro dos empréstimos bancários. Uma das orientações dadas à Caixa é priorizar operações em nichos que foram afetados pelo travamento de crédito que abalou os bancos médios e pequenos, entre eles o financiamento de automóveis.

As negociações começaram há alguns meses, mas se intensificaram depois que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou, no início do mês, a Lei 11.908, originada da Medida Provisória 443, que permitiu que os bancos públicos comprassem outros bancos, além de ter autorizado a criação da CaixaPar. A CaixaPar ficará ligada à vice-presidência de Finanças da Caixa e os nomes da diretoria serão definidos até o fim da semana.

"A Caixa está conversando com vários bancos e fazendo prospecção de mercado", disse uma fonte do governo. Segundo a fonte, a Caixa deve priorizar a compra de participações, e não bancos inteiros, num modelo parecido com o da operação feita pelo Banco do Brasil (BB) e o Votorantim. Em janeiro, o BB comprou 49,9% do Votorantim.

"A modelagem operacional e de governança está sendo desenhada", contou a fonte. Além da busca de oportunidades de negócios, a ofensiva da Caixa faz parte de uma determinação de governo. Apesar das liberações de depósitos compulsórios já realizadas pelo Banco Central, os bancos pequenos e médios continuam com problemas de acesso ao dinheiro no mercado interno e externo e o governo trabalha para melhorar as condições de liquidez no sistema financeiro.

A flexibilização das regras da linha do redesconto pelo BC, que é uma modalidade de empréstimo de última instância, não resolveu o problema dos bancos pequenos. Segundo uma fonte do Ministério da Fazenda, os próprios bancos estão procurando a Caixa interessados em algum tipo de negociação. "O sonho hoje de muitos bancos menores é ser comprado pela Caixa", disse a fonte.

Fonte: O Estado de São Paulo / Adriana Fernandes